Rede Meio Norte é objeto de estudo em dissertação de mestrado da UFPI

O jornalista Julimar Silva é comunicólogo e analisou a grade e estratégias da televisão da Rede MN em sua dissertação no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Piauí.

Rede Meio Norte | Reprodução
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Julimar Silva é comunicólogo e recentemente concluiu sua dissertação de mestrado. O estudo é sobre regionalização televisiva, com foco na Rede Meio Norte. Para produzir o trabalho, o pesquisador analisou a grade da rede de televisão e vários aspectos, como a “regionização” e a regionalização da mídia.

Prédio onde fica a sede da Rede Meio Norte, em Teresina, no Piauí - Foto: Alcide Filho

A Rede Meio Norte é a emissora de TV integrada ao Grupo Meio Norte de Comunicação, presente em 6 estados em sinal HD, sendo a 1° Rede regional do Norte e Nordeste e a 6° maior rede de televisão do país. É diferente das outras, por ser a única com programação 100% regional, 24 horas.

A Rede MN é a verdadeira TV Regional por inteiro. Enquanto as demais emissoras apenas repetem uma programação nacional, a Meio Norte faz diferente: repercute e interage com a imagem e a linguagem própria. Sua grade tem 40 programas 100% produzidos no Piauí. Durante o dia, segundo a mais recente pesquisa do Instituto Amostragem, 6 faixas horárias colocam a Rede MN de Televisão na frente da maior emissora do Brasil.

O jornalista Julimar Silva pesquisou e analisou a grade de programação da Rede MN em aspectos como a regionalização

Jornal Meio Norte: Quais aspectos você analisou da regionalização da Rede Meio Norte?

Julimar Silva: A pesquisa analisou a Regionalização Televisiva da Rede Meio Norte, em dois aspectos em 21 programas da emissora: Voz do Povo; Bom Dia Meio Norte; Revista Meio Norte, Ronda do Povão; Ronda Nacional; Jornal Agora; Supertop; Patrulha; 70 Minutos; Inside TV; Papo de Boteco; João Cláudio em Casa; Falando Nisso; Coiza Nossa (Independente); MN Repórter; Caminhos e Trilhas (Independente); Teleleco; Espaço Gourmet; Coisa de Bicho; Direito e Cidadania; e Domingo Olé. A Regionização da Mídia e a Regionalização na Mídia. A primeira diz respeito à emissora estar enquanto estrutura física em determinados lugares, seja do Piauí, do Maranhão, do Ceará, dentre outros; já a Regionalização na Mídia, diz respeito aos conteúdos exibidos dentro dos programas. Quando analisei este aspecto, aprofundei em alguns temas:  Cenário; Dimensão do Conteúdo; Abrangência; Gênero do Programa; Interatividade; Temática Abordada e etc. A partir da análise desses aspectos quis buscar:  primeiro Identificar o que a Rede Meio Norte propõe como regionalização da programação televisiva; segundo discutir as estratégias adotadas pela emissora de televisão para o desenvolvimento de uma programação regional; terceiro elencar os gêneros dos programas exibidos e os perfis de cada programa; quarto investigar como o conteúdo regional é abordado nos programas veiculados na grade transversal considerando aqueles que são referência dentro de cada gênero da programação da emissora;  e, cinco refletir sobre como a regionalização televisiva levada avante pela Rede Meio Norte contribui com a sociedade piauiense numa perspectiva cidadã.

JMN: Que conclusões você teve com o trabalho?

JS: Consegui ao longo do trabalho identificar os gêneros dos programas: Interativo; Variedades;  Telejornal; Colunismo Social; Humorístico; Talk Show; Culinária; Documentário; Entrevista; Esportivo, dentre outros. Como estratégias utilizadas para se aproximar dos telespectadores, a emissora utiliza, por exemplo: a cobertura de grandes eventos regionais; transmitir ao vivo tudo o que é importante culturalmente, na área esportiva, na área musical, fazendo com que, aquilo que o povo gosta ou participa ou interage.  Além disso, a emissora busca trabalhar com apresentadores que são populares e que tenham uma linguagem simples no jeito de se comunicar. No campo esportivo, a parceria com o Esporte Interativo; internacionalmente com Associated Press, agência de notícias; encontrar-se na TV por assinatura: NET, SKY, Claro TV e TVN, são formas utilizadas pela emissora para exercer influência sobre um universo de telespectadores potenciais de 25 milhões de habitantes.  Percebe-se também que o piauiense que a emissora precisa também buscar avançar em outros aspectos, ampliando a pluralidade de vozes, pois isso é fundamental para que a cidadania apareça com mais intensidade dentro da programação. Além disso, o investimento técnico operacional que se dá em um processo lento, porém gradual são aspectos importantes a serem considerados pela emissora.

JMN: Como você analisa a comunicação regional no contexto globalizado que temos hoje?

JS: Vivemos em um mundo globalizado, mas não significa que os conteúdos se homogeneizaram como previam alguns escritores. A globalização faz emergir ainda mais a importância do regional, pois as pessoas querem ser notadas, quem ver suas demandas na tela da TV, e mais do que isso, elas querem ver suas demandas atendidas no campo das políticas públicas. As emissoras regionais são estratégicas nesse contexto, pois elas são capazes dar voz, quando querem, aos que não têm voz. Esta aproximação é fundamental para o que o eu chamo do atendimento das demandas desse novo ator que é extremamente importante - o Telespectador Regional, este sujeito ativo que não quer somente aparecer na televisão, ele quer ver suas questões atendidas.

JMN: Como você analisa o jornalismo global?

JS: Podemos até falar em um jornalismo global, mas como diz escritor Milton Santos, o local sempre será algo importante a ser considerado, pois só aparentemente ele é passivo. Tudo que se faz em âmbito local tem um potencial global, ao passo que o contrário também é verdadeiro.O que se chama de jornalismo global, está dentro de uma lógica em que aquilo que se produz ganha escala com muita facilidade. Mas também precisamos compreender que o global, sempre está ancorado no local, no regional, no nacional, para ser global. Ou seja, há uma interdependência entre as instâncias. E, este trabalho busca explicar também este aspecto. Eu falo sobre regionalização, que não se sustenta, sem esta interdependência com o local, o nacional e o global.

JMN: Alsina e Traquina colocam a proximidade da notícia do público como critério de noticiabilidade. Isso tem a ver com jornalismo regional?

JS: O jornalismo regional ele é cidadão, ele está próximo das demandas dos cidadãos. Ou seja, a proximidade é um dos aspectos a ser considerado, eu diria fundamental, pois o regional é feito quando você visita os lugares, conhece suas histórias, os seus mercados, que aliás são aspectos que devem e são explorados por uma emissora regional. O aprimoramento constante das Tecnologias da Comunicação e Informação (TIC's), nos permite intensificar ainda mais essa proximidade, mesmo que do ponto de vista territorial estejamos um pouco afastados. As tecnologias  fazem com que tanto o cidadão esteja mais participativo junto aos veículos de comunicação, e, por outro lado, as emissoras têm suas rotinas de trabalho mais oxigenadas pela maior presença de conteúdos diversos, que são enviados pelos telespectadores, que hoje são também internautas. Então, estamos vivendo um tempo em que a convergência das mídias dá um poder ainda maior a quem está recebendo o conteúdo.

Switcher da Rede MN, setor crucial para progração da TV ir ao ar - Foto: Arquivo/JMN/Raíssa Morais

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