Os números de roubos de carga no Estado do Ceará seguem em diminuição contínua em 2019. Todos os meses deste ano registraram queda no índice criminal. O acumulado dos 11 primeiros meses de 2019, comparados ao mesmo período de 2018, chega a 63% a menos desse tipo de roubo registrado nas delegacias de Polícia Civil. O trabalho integrado das forças policiais do Ceará aliado às ferramentas tecnológicas, como o videomonitoramento e do Sistema Policial Indicativo de Abordagem (SPIA), tem mantido o índice abaixo dos dados registrados no ano passado: saindo de 235 casos, em 2018, para 87, de janeiro a novembro de 2019.
Os meses em que os índices registraram maior redução foram em março, com redução de 81%, quando foram registrados cinco casos este ano contra 26 do ano passado. Em seguida, vem o mês de agosto, com queda de 78%, indo de 23 registros para cinco em 2019. Junho marcou o terceiro mês com maior queda no ano (-77%). Naquele mês foram contabilizados seis casos contra 26 do ano passado. Dos 11 meses de 2019, oito deles tiveram menos de dez casos por mês. Em 2018, apenas o mês de dezembro havia contabilizado casos abaixo de dez. Em novembro deste ano, os roubos de carga tiveram retração de 36%. Foram registrados sete casos contra 11 no ano passado.
Os bons resultados alcançados pelas forças de segurança do Ceará são frutos do trabalho ostensivo das equipes da Polícia Militar do Ceará (PMCE), da investigação criminal da Polícia Civil do Estado do Ceará (PMCE), por meio da Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos e Cargas (DRFVC), da ampliação do videomonitoramento para o Interior do Estado – o sistema está em 43 municípios – e da ferramenta tecnológica do Spia (Sistema Policial Indicativo de Abordagem) – inteligência artificial criada em conjunto pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Para o delegado titular da DRFVC, Diego Barreto, o trabalho de investigação é parte essencial na estratégia para identificar os criminosos e desarticular os grupos que agem contra o trabalhador. “A Polícia Civil cumpre o seu papel através da investigação, identificando e prendendo quadrilhas especializadas neste tipo de crime. Foi o que nós fizemos ao longo do ano de 2019, com diversas prisões. Desmontamos organizações criminosas especializadas neste crime e focamos, principalmente, no receptador. É ele quem fomenta esse tipo de delito. Ele encomenda a carga, incentiva os demais integrantes do grupo criminoso e coloca em risco o motorista que transporta essas mercadorias”, ressalta.
Modelo nacional
Não à toa o Estado do Ceará tem servido de referência para outros estados da federação. O uso da tecnologia e a aplicação de novas estratégias contra o crime transforaram o Ceará em exemplo para o restante do Brasil na utilização de soluções tecnológicas aplicadas à área da segurança pública. O modelo de segurança cearense serviu de base para a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) replicar os sistemas para outros estados.
A união dessas ferramentas facilita o processo de investigação e de inteligência para combater grupos criminosos que agem no Estado, como descreve o superintendente de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp), Aloísio Lira. “A integração das estratégicas adotadas pela segurança pública do Ceará tem surtido efeito em diversos outros índices criminais, que mês a mês, reduzem mais de 50% em relação aos números do ano passado, como acontece com os Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) e roubos a instituições financeiras. A inserção das tecnologias na rotina do policial otimiza o tempo de resposta para atuar em cada ocorrência, ou seja, o agente hoje trabalha focado nas ações, porque os sistemas apresentam mais possibilidades para atuação deles”, destaca.