Lançado no finalzinho de 2002, mas com desembarque efetivo no mercado em 2003, o Ford EcoSport tem uma trajetória indiscutivelmente vitoriosa. É um tanto vago dizer que ele foi líder da categoria desde sempre, já que ele próprio inventou a categoria hoje controversamente chamada de ?SUV light? ? e até aqui não há ninguém exatamente igual a ele. Mas é impactante lembrar que em 2004, 2005 e 2006 ele foi o comercial leve mais vendido do País, batendo a normalmente imbatível Fiat Strada. A receita, portanto, deu certo.
Agora é a vez do Renault Duster trilhar o mesmo caminho. Para isso, tem, entre outras similaridades com o EcoSport, uma política de preços mais agressiva. A versão básica, chamada apenas de Duster 1.6 16V, traz de série direção hidráulica, ar-condicionado, vidros dianteiros elétricos, travas elétricas, regulagem de altura do volante e rodas de aço aro 16. Seguimos com a Expression 1.6 16V, que soma airbag duplo, banco do motorista com regulagem de altura, vidros elétricos também nas portas de trás, alarme, barras no teto e parachoques parcialmente na cor da carroceria.
No Duster Dynamique, onde começa a aparecer o motor 2.0 16V, a lista de equipamentos é incrementada por volante e manopla do câmbio em couro, computador de bordo, retrovisores elétricos, rodas aro 16 de liga leve, faróis de neblina e ABS. A configuração Dynamique ainda contempla as opções com câmbio automático e tração 4x4, que repetem o rol de equipamentos. Bancos em couro são opcionais de R$ 1.500 e a Renault oferece ainda uma vasta linha de acessórios, que inclui protetor frontal, alargadores dos para-lamas, frisos e estribos laterais, calha de chuva, rack transversal, porta-bicicletas, ponteira de escapamento, soleira das portas e do porta-malas, tapetes e GPS. Os preços de todas as versões podem ser relembrados aqui.
Em relação ao Duster europeu, a Renault diz ter feito 774 adaptações para o mercado brasileiro. A mais notória é o painel, bem diferente do modelo ?original?. O motor 1.6 16V é o mesmo do Sandero Stepway, mas com novo mapeamento, enquanto o 2.0 16V é emprestado do finado Mégane, porém com 44 novas peças e taxa de compressão elevada de 9,8:1 para 11:1.
Impressões
O primeiro contato com o Duster agrada: pessoalmente, o modelo revela seu porte mais avantajado em relação ao EcoSport, que deve agradar também os consumidores que buscam esse tipo de carro. Há proporcionalidade nas formas e as linhas, se não estonteantes, ao menos são bem mais convidativas que as do rival da Ford.
Por dentro, no entanto, o Duster mantém o forte e desagradável cheiro do qual compartilham Sandero e Logan. Assim como o EcoSport, não há cerimônia em esbanjar plásticos sem o menor refinamento. Por outro lado, não há rebarbas e as peças parecem bem encaixadas. O espaço é bom tanto para quem vai na frente quanto para os ocupantes de trás. Até as bagagens vão com folga: são 400 litros na versão 4x4 e 475 litros na 4x2.
A versão 1.6 é competente na tarefa de levar e trazer o Duster, com desempenho não mais do que satisfatório. O motor é adequado, e o câmbio, embora cumpridor de suas tarefas, não empolga e transmite certa fragilidade. Já o 2.0 instiga mais o condutor, com câmbio mais preciso nos engates e motor mais disposto. Nos dois casos, a ergonomia é atrapalhada pelos comandos dos vidros esbarrando na perna do condutor e a dirigibilidade é prejudicada pela direção um tanto ?boba? acima dos 100 km/h. No geral, apenas um carro razoável de guiar, no mesmo patamar do EcoSport.
EcoSport x Duster
Clientes do EcoSport, não se preocupem: seu sucessor é justamente o Duster, modelo que segue exatamente a mesma receita, mas com alguns anos de atraso. O lançamento da Renault dará continuidade ao que foi o EcoSport um dia, para que este abra um novo caminho no segmento de ?SUV light?, a partir do ano que vem. Venderá mais que o Ford? Difícil, mas é fato que, ao mudar e ficar mais sofisticado, o novo EcoSport subirá de patamar e preço. E talvez seja essa a maior esperança da Renault: herdar os clientes da Ford que não conseguirão acompanhar o upgrade financeiro do Eco.