A cientista húngara Katalin Kariko e o cientista americano Drew Weissman foram agraciados com o Prêmio Nobel de Medicina por suas notáveis contribuições à tecnologia do RNA mensageiro, que pavimentou o caminho para o desenvolvimento de vacinas contra a Covid-19. O anúncio foi feito pelo júri do Instituto Nobel nesta segunda-feira.
O comitê Nobel reconheceu suas "descobertas relacionadas às modificações nas bases nucleicas que possibilitaram o desenvolvimento de vacinas eficazes contra a Covid-19", ressaltando o impacto vital das vacinas na preservação de milhões de vidas e na prevenção de doenças graves.
Esses eminentes cientistas receberão um prêmio no valor de 11 milhões de coroas suecas (aproximadamente R$ 5 milhões) como reconhecimento por suas realizações notáveis.
Em seu trabalho pioneiro, os pesquisadores identificaram que o RNA mensageiro modificado poderia ser empregado para suprimir reações inflamatórias indesejadas e aumentar a produção de proteínas quando entregue às células. Embora sua pesquisa tenha sido inicialmente pouco reconhecida em um artigo publicado em 2005, ela estabeleceu as bases para avanços de grande relevância que serviram a toda a humanidade durante a pandemia da Covid-19, como salientou o comitê Nobel.
Anteriormente, a tecnologia do RNA mensageiro (RNAm) estava em estudo há mais de três décadas, mas sua aplicação prática parecia distante. No entanto, com o surgimento da pandemia e um investimento sem precedentes na história das vacinas, ocorreram duas conquistas sem precedentes: a aprovação e aplicação em larga escala dos primeiros imunizantes que utilizam essa tecnologia inovadora e a produção de vacinas em tempo recorde, em menos de um ano.
O RNA mensageiro despertou grande interesse devido a sua atuação fundamental. Basicamente, ele consiste em um código que fornece instruções para as células do corpo produzirem proteínas específicas. No contexto das vacinas contra a Covid-19, em vez de introduzir o vírus inativado ou partes dele para estimular a resposta imunológica, o RNAm utiliza o próprio organismo como uma "fábrica" para criar a proteína S do coronavírus, que o corpo reconhece como um invasor e, assim, gera defesas e anticorpos.
Além de seu vasto potencial, as vacinas baseadas em RNAm demonstraram eficácia superior em comparação aos modelos convencionais, além de serem mais acessíveis devido à sua plataforma sintética que não envolve vírus vivos, dispensando a necessidade de laboratórios de biossegurança. Além disso, elas podem ser desenvolvidas e adaptadas de forma mais rápida, permitindo que os ensaios clínicos para as vacinas contra a Covid-19 fossem iniciados em menos de seis meses após a descoberta do Sars-CoV-2 na China, em 2019.
Esta semana, o Instituto Nobel anunciará os laureados em outras categorias, incluindo Física (terça-feira), Química (quarta-feira), Literatura (quinta-feira) e Paz (sexta-feira). O anúncio dos premiados na área de Ciências Econômicas está agendado para o dia 9.