O secretário estadual de Saúde, Fernando Ferry, vai entregar sua carta de demissão ao governador Wilson Witzel na tarde desta segunda-feira, dia 22. Em um vídeo enviado ao "Bom Dia Rio", da "TV Globo", o médico explica que "tentou resolver os graves problemas da saúde". Ele deixará o cargo com mais 30 assessores que chegaram junto com ele há pouco mais de um mês, quando assumiu a secretaria no lugar de Edmar Santos, exonerado por Witzel em meio às investigações de irregularidades na Saúde.
Ferry é o segundo secretário que deixa a pasta durante a pandemia do novo coronavírus, que já teve 96.133 infectados e 8.875 pessoas óbitos em decorrência da doença até o momento, segundo os dados disponibilizados pela Secretaria Estadual de Saúde, neste domingo.
"Hoje estou pedindo exoneração do meu cargo de secretário de Estado de Saúde do Rio de Janeiro. Queria dizer que eu tentei. Eu agradeço ao governador por ter me dado esta oportunidade de tentar resolver estes graves problemas que estamos vendo na saúde. Eu só queria dizer mais uma coisa: peço desculpas à população. Mas a única coisa que eu tenho a falar: eu tentei. Obrigado e espero que vocês me desculpem", disse no vídeo.
Ferry era diretor do Hospital Universitário Gafrreé e Guinle e tem ampla experiência no tratamento de AIDS. Ele foi anuniado no dia 17 de maio e já assumiu a pasta no dia 18 em meio a uma das maiores crises sanitárias do estado. Edmar Santos e o governo de Witzel enfrentam denúncias de fraudes em licitações para a compra de respiradores. Os aparelhos são essenciais no tratamento da doença e para os sete hospitais de campanha que foram prometidos pelo governo do Rio, especialmente em pacientes que já estão mais debilitados pelo vírus.
O prazo inicial para entrega das sete instituições era dia 30 de abril, mas apenas dois ficaram prontos e foram inaugurados até agora. O último deles foi o de São Gonçalo, que só abriu na última sexta-feira, dia 18. A uma recomendação da equipe.
A secretaria chegou a comprar mil respiradores, mas poucos foram entregues e não serviam para o tratamento da Covid-19. Após a operação Mercadores do Caos , empresários e funcionários ex-funcionários do alto escalão da pasta da saúde foram presos e os contratos, cancelados.
"Entendemos como não recomendado a abertura dos cinco hospitais de apoio estantes como leito para Covid-19 e a readequação dos hospitais já inaugurados a demanda atual da população", diz o parecer técnico dos especialistas.
Em outro trecho do documento, a equipe afirma que 'considerando que atualmente a taxa de ocupação de leitos dedicados ao tratamento dos pacientes vítimas de Covid-19 nas três esferas do governo no município do Rio de Janeiro é de 37,58% dos leitos totais e 55,81% dos leitos operacionais conforme". Também falam que "considerando a possibilidade de uma segunda onda após a flexibilização, ainda assim podemos ofertar assistência à população com a ativação dos leitos que ora se encontram impedidos".
O custo dos novos leitos em hospitais de campanha também seria um problema, como consta do documento feito pela equipe. "Considerando que, o custo mensal com RH por leito de UTI no hospital de apoio é de R$ 43.780,82 e por leito de enfermaria com RH é de R$ 33.951,45", diz outro trecho.