?As formigas que se abaixem?, ?No Mola?, ?Rebaixar é arte, raspar faz parte?. Essas são apenas algumas frases adesivadas nos carros dos fãs de rebaixados. ?Arrisco a dizer que 100% dos mais de 500 usuários ativos da nossa comunidade possuem o carro rebaixado? afirma Paulo Della Libera, 35 anos, consultor e administrador da Comunidade Tuning, que reúne mais de 14.000 pessoas em seu fórum na internet.
O assunto também é bastante popular no bate papo entre os apaixonados por automóveis. Todos querem saber qual o melhor sistema, qual é o mais barato, se é legal e seguro. Foi com a vontade de também ter um veículo rebaixado que o estudante de engenharia mecânica, Daniel Felipe Rocha Melo, optou por trocar as molas originais do seu Chevrolet Prisma pelas esportivas.
Rebaixar é e sempre foi moda por deixar o carro com um jeitão mais esportivo. No entanto, para conseguir mexer no carro e ainda deixá-lo seguro e legalizado no Detran, é preciso seguir algumas regras.
Ricardo Ruiz de Araújo tem apenas 25 anos e encontrou um grande filão na internet. Ele é fundador da empresa Legalize Seu Veículo, que esclarece dúvidas dos loucos por carros customizados a fazer as modificações seguindo as regras legais, além de ajudar na burocracia da renovação dos documentos.
Segundo Ricardo, 95% das pessoas que procuram sua empresa estão em busca de legalizar carros com suspensão modificada. Mas as regras são claras. Segundo o artigo 6º da resolução 292, só são permitidas suspensões fixas. Ou seja, não poderão ser legalizadas suspensões móveis sejam elas a ar, hidráulicas ou de rosca. E é nesta mesma resolução que ficam definidas dubiamente a questão das molas esportivas: Art. 8º Ficam proibidas: (...) IV ? A alteração das características originais das molas do veículo, inclusão, exclusão ou modificação de dispositivos da suspensão.
No entanto, Ricardo explica que as molas podem sim ser alteradas, "O que não pode é cortar, amassar ou colocar molas que não tenham sido certificadas", afirma. Quando se troca as molas, geralmente o proprietário também opta por mudar rodas e pneus, e aí as regras são as seguintes: não se pode usar rodas/pneus que ultrapassem os limites externos dos para-lamas do veículo e o conjunto montado não pode entrar em contato com qualquer parte da mecânica e/ou carroceria, estando ele em movimento ou parado. A dica do Ricardo é calcular a compatibilidade do conjunto roda/pneu original com o que será instalado.
A troca das molas não é dos procedimentos mais caros do tuning. Daniel Felipe gastou R$ 400 em molas e R$ 100 de instalação. Mas o preço depende muito do tipo de mola, se é nacional ou importada. Além disso, é preciso levar em consideração o preço da regularização no Detran que vai de R$ 400 a R$ 800, dependendo se você vai contar com o auxílio de um despachante.
Segundo Ricardo Araújo, o processo começa no pedido de autorização junto ao Detran para a regularização. Depois, o veículo deve ser conduzido ao Inmetro onde será realizado um laudo de CI (Certificado de Inspeção) e o CSV (Certificado de Segurança Veicular). Após o laudo aprovado, o veículo será conduzido até o Detran e será realizada uma vistoria de chassi e motor, onde serão necessários: documento de compra e venda (CRV original), cópias do RG, CPF e comprovante de residência, além do decalque do chassi e do motor. O tempo médio para a legalização é de cinco dias e deverá ser feito um novo documento do veículo para que conste a modificação.
Paulo, da Comunidade Tuning, aconselha: "Mudou? Regularize para evitar problemas e sempre ande com o documento e também o laudo do Inmetro em mãos pois durante uma fiscalização, os policiais poderão pedir". Outra mudança que também deve ser feita é no seguro e é neste momento que nasce grande parte dos problemas dos aficionados por tuning. "Raramente alguma seguradora aceita fazer o seguro de um carro modificado. Aquelas que não negam o cliente, elevam o preço a um patamar impossível de ser pago. Veículos rebaixados, infelizmente, são mal vistos. A opinião das seguradoras é que as mudanças podem acarretar em problemas no sistema de freios. Mas isso é impossível já que o carro foi aprovado pelo Inmetro. Acredito que o que acontece é que as seguradoras têm preconceito e acham que quem gosta de tuning está envolvido com racha", afirma Paulo. De fato, procuramos proprietários de tuning que tenham seguro e não encontramos nenhum. E atenção, não adianta querer enganar a seguradora! Se você modificar o seu carro e se "esquecer" de avisar a companhia, ela tem o direito de não pagar o seu veículo no caso de um sinistro.