Se arrastassem mais um pouco, só aparecia o osso’, diz marido de vítima

Alexandre reclama ainda da insistência dos policiais em afirmarem que houve uma troca de tiros antes da moradora ser alvejada

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Quando foi chamado para ver o corpo da esposa, Claudia Ferreira da Silva, na manhã de domingo, Alexandre Fernandes não entendeu a quantidade de hematomas. Já no Hospital Carlos Chagas, após ter recebido a notícia de que a auxiliar de serviços gerais não resistiu aos ferimentos, Alexandre identificou uma série de arranhões espalhados pelo corpo da vítima. Nesta segunda-feira, após tomar conhecimento do vídeo em que a esposa aparece sendo arrasada, ele desabafou:

- Nem o pior traficante do mundo merecia um tratamento desses. Se eles arrastassem mais um pouco, só aparecia o osso dela.

Segundo o vigia, os funcionários do Hospital Carlos Chagas só informaram da morte de Claudia após os PMs terem saído da unidade. Quando chegou ao hospital, ele foi informado apenas de que a esposa estava internada no CTI. Ela, entretanto, já chegou morta ao local.

- Os funcionários não tiveram coragem de me dizer que ela estava morta.

Alexandre reclama ainda da insistência dos policiais em afirmarem que houve uma troca de tiros antes da moradora ser alvejada. Segundo ele, todos os vizinhos afirmam que nenhum tiro foi trocado.

- Os policiais se amedrontaram com seis reais e um copo de café, que era o que ela tinha nas mãos. Todo mundo viu que não houve tiroteio. Tanto que a comunidade desceu na mesma hora para protestar. Se tivesse troca de tiros, ela teria sido alvejada na frente e atrás - explicou.

Alexandre ainda não assistiu ao vídeo. Ele foi informado do caso por familiares, que assistiram às imagens. Mesmo sabendo da gravidade do que aconteceu, ele afirmou que não tem interesse em ver as cenas.

Os filhos caçulas de Claudia, Pamela e Pablo, de nove anos, souberam da morte da mãe apenas nesta segunda-feira. Os gêmeos fazem aniversário no próximo domingo e estavam planejando uma festa junto com a auxiliar de serviços gerais. Muito abalada, Pamela lembrou da última imagem que viu da mãe:

- Estava dormindo e acordei com os tiros. Não tinha ninguém em casa, saí correndo e quando cheguei lá fora ela estava caída no chão - lembrou ela, que também viu o momento em que os PMs colocaram Cacau dentro da viatura.

As crianças também fizeram questão de lembrar os momentos com Claudia.

- Era uma mãe maravilhosa. Vou sentir muita saudade dela - desabafou a menina.

A empresa Nova Rio, onde Claudia era contratada, contratou um ônibus para levar cerca de 50 funcionários do Hospital Marcílio Dias.

- Ela era muito trabalhadora, cuidadosa. Era uma das melhores funcionárias. Toda manhã quando eu chegava ela já estava lá, eu fazia um café e servia. Sexta foi a última vez que fiz isso, que a vi - contou João Gustavo Melo, de 65 anos, companheiro de trabalho.

Policiais presos

A Polícia Militar abriu um inquérito para investigar os fatos. Os três policiais envolvidos, dois subtenentes e um soldado, foram presos e encaminhados para o Batalhão Especial Prisional (BEP). Os agentes estão sendo ouvidos na 2ª Delegacia de Polícia Militar Judiciária e serão autuados.

As armas utilizadas na incursão no Morro da Congonha, em Madureira, foram recolhidas e estão à disposição da Polícia Civil. O delegado Julio Cesar Pyrrho, da 29ª DP (Madureira), também pediu que o carro utilizado no transporte fosse periciado.

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