Seca afeta 16 estados e é a maior em 44 anos, aponta Cemaden

Dados exclusivos mostram que de maio a agosto, 16 estados e o Distrito Federal nunca enfrentaram uma estiagem tão severa desde os anos 80.

Seca afeta 26 estados e é a maior em 44 anos, aponta Cemaden | Reprodução
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Cidades sufocadas por queimadas e fumaça. Rios expostos e animais morrendo devido à escassez de água. O setor hidrelétrico está em alerta devido à baixa nos reservatórios. O ar está tão seco que se torna difícil respirar. 

Esse é o cenário causado pelo mais grave período de seca enfrentado por mais da metade do país nos últimos 40 anos, de acordo com levantamento exclusivo do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden).

Das 27 unidades federativas, 16 estados e o Distrito Federal enfrentam a pior estiagem registrada entre maio e agosto desde os anos 1980. A lista inclui:

  • Amazonas
  • Acre
  • Rondônia
  • Mato Grosso
  • Pará
  • Mato Grosso do Sul
  • Goiás
  • Minas Gerais
  • São Paulo
  • Paraná
  • Rio de Janeiro
  • Espírito Santo
  • Bahia
  • Piauí
  • Maranhão
  • Tocantins

SOBRE O CAMADEN

O Cemaden, vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI), é responsável por fornecer dados ao governo federal sobre a situação atual. Ana Paula Cunha, especialista em monitoramento de secas no órgão, explica que, além de atingir uma grande extensão do país, é a primeira vez em anos de observação que se registra uma seca tão prolongada.

☀️ NÚMERO DE CIDADES EM SITUAÇÃO DE SECA AUMENTO 60%

O Brasil completa 12 meses sob os efeitos de uma seca que afeta grande parte do país. Segundo o ranking do Cemaden, 16 estados registraram, em várias regiões, o pior índice de seca em 44 anos, enquanto a estiagem persiste em quase todas as unidades da federação, com exceção do Rio Grande do Sul, que enfrenta a seca com menor intensidade.

Atualmente, mais de 3,8 mil cidades enfrentam algum grau de seca, que varia de fraca a excepcional. O índice de seca é calculado com base nos níveis de precipitação, considerando a proximidade ou distanciamento da média histórica para o período.

Seca no Amazonas afeta navegação — Foto: Reprodução/Rede Amazônica 

Para se ter uma ideia, o número de cidades nessa condição aumentou quase 60% entre julho e agosto. Segundo o Cemaden, os números de agosto ainda são preliminares, e o cenário pode se agravar até o final do mês.

💧 IMPACTOS DA SECA - MENOS ÁGUA E ENERGIA MAIS CARA

A falta de chuva e o aumento das temperaturas estão afetando os rios no Brasil, com a maioria das bacias classificadas sob seca, segundo o Cemaden. Adriana Cuertas, hidróloga e pesquisadora do órgão, explica que a estiagem prolongada está acelerando o desaparecimento da água, especialmente na região Norte, dificultando a recuperação dos rios.

O impacto já é evidente: dezenas de cidades no Norte estão em alerta, com dificuldades na navegação e pedidos para estocar alimentos. A economia também sofre, com empresas anunciando gastos de R$1,4 bilhão devido à escassez de água, o que afetou o preço dos produtos distribuídos pelo país.

Incêndios atingem matas em Goiânia, Goiás — Foto: Reprodução/Redes Sociais 

Além disso, a baixa nos rios está forçando o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a reduzir o uso de hidrelétricas na região, acionando termelétricas para reforço, dado o papel crucial do Norte na geração de energia.

🔥 QUEIMADAS PELO PAÍS

A seca deixa a vegetação ressecada e mais suscetível a incêndios, que se espalham rapidamente. Este ano, a temporada de queimadas começou mais cedo e com maior intensidade, preocupando especialistas.

Conforme o Inpe, o número de focos de incêndio no Brasil é o pior em 14 anos. Até julho, o Pantanal já havia registrado 800 mil hectares queimados, um recorde. Na Amazônia Legal, o número de focos de fogo é o maior em 19 anos, e a fumaça das queimadas se espalhou por mais de dez estados.

Imagem de 30 de agosto de 2022 de sobrevoo na região da Amacro (Amazonas, Acre e Rondônia) - Foto: Nilmar Lage/Greenpeace/Divulgação 

Em São Paulo, mais de 20 mil hectares foram destruídos e 800 pessoas tiveram que deixar suas casas. No Cerrado, incêndios ativos foram registrados em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Tocantins, com agosto já superando o número de focos de fogo do ano passado, saltando de 3,9 mil para 5,5 mil.

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