Os castigados pela estiagem que atinge o semiárido do Piauí começam a enxergar uma luz no fim do túnel. É que o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) autorizou a abertura das comportas das barragens que cortam as regiões mais afetadas pela seca no Rstado, reativando o abastecimento de água em algumas áreas.
A água das barragens estão sendo utilizada para amenizar a sede dos sertanejos das regiões abrangidas pelos municípios de São Raimundo Nonato, Bocaina, Sussuarana, Picos, Conceição do Canindé, Pio IX, Alagoinha do Piauí, Monsenhor Hipólito, Francisco Santos e Santo Antônio de Lisboa.
De acordo com o coordenador do DNOCS, José Carvalho Rufino, a ação ajuda o restabelecimento das atividades agrícolas e econômicas das famílias ribeirinhas e também garante o consumo dos rebanhos durante a estiagem.
?Nosso trabalho principal é regularizar o leito dos rios mais importantes do semiárido. Com a abertura das comportas, o volume dos mananciais passa a um nível que permite aos moradores retomarem suas atividades agrícolas, fazendo que eles passem menos necessidades?, diz.
Exemplo disto é a barragem de Jenipapo, localizada no município de São João do Piauí, uma das áreas mais afetadas pela seca. Com capacidade de armazenar 240 milhões de metros cúbicos, a barragem está de comportas abertas, irrigando 500 hectares de terra que beneficiam diretamente as famílias do assentamento Marrecas, o maior produtor de uvas do estado. ?A abertura das barragens que estão sob nossa concessão também possibilita água para que milhares de pessoas possam salvar o rebanho. Agora que os caprinos e ovinos não estão mais morrendo de sede, a economia volta a se movimentar e o sertanejo passa a enfrentar a seca com mais dignidade?, diz José Carvalho.
Projetos vão amenizar a seca no Piauí
Na tentativa de contornar os problemas gerados pela estiagem, a SEMAR planeja implementar um pacote de ações que serão aplicadas ao longo dos próximos dois anos. O mais importante é o projeto de recuperação de áreas degradadas que estão em processo de desertificação, como a bacia do riacho Sucuruiú, na cidade de Gilbués.
Também está prevista a implantação de sistemas de controle da vazão dos poços jorrantes do Vale do Gurgueia através da implantação de 40 poços. Outros projetos incluem a elaboração do projeto de barragens que contemplarão as cidades de Ipiranga do Piauí, Coronel José Dias e Amarante, assim como um canal de integração do sertão piauiense, que interligará as barragens do Jenipapo e Pedra Redonda, no Sul do Estado. Os projetos dependem de autorização do governo federal e deverão começar a ser aplicados a partir de 2013. (D.B. e O.B.)
Açude Caldeirão já produz alimentos
O diretor do DNOCS no Piauí, José Carvalho, disse que em Piripiri a barragem de Caldeirão tem capacidade para 54 milhões de metros cúbicos. Lá está sendo desenvolvido um projeto de irrigação que alcança 374 hectares e beneficia 96 famílias. Indiretamente, o programa contempla mais de 3000 pessoas. Foi implantado na cidade o Centro de Piscicultura Ademar Braga, que coletará mais de 10 milhões de peixes por ano.
A barragem Petrônio Portela fica no município de São Raimundo Nonato e é abastecida pelas águas do rio Piauí. Com capacidade de armazenar 180 mil metros cúbicos de água e operando em plena capacidade, todo o leito do rio foi regularizado. Os moradores voltaram a utilizar as águas da torrente para suprir as necessidades básicas e agora os animais não morrem de sede.
Das mais de 100 barragens instaladas no Piauí, cerca de 30 estão localizadas na região do semiárido. Dessas, apenas seis estão operando com o nível aceitável de águas. Ainda de acordo com o José Rufino, a preocupação principal do departamento ainda é manter o controle das barragens, pois se a seca se estender pelo próximo ano, os serviços assistenciais das comportas terão de ser interrompidos.(D.B. e O.B.)
Bocaina tem projeto para obra de adutora
Com o projeto de adutoras e a abertura das comportas da barragem de Bocaina, a mais importante do Piauí, os piscicultores da região puderam pescar mais de 400 toneladas de tilápia somente este ano, um recorde para a região.
E com a seca insistindo em não dar trégua, a SEMAR abriu licitação para a extensão da adutora de Bocaina/ Piauí II. Serão investidos R$ 77 milhões e o projeto levará água para 76 mil habitantes da região, que serão imediatamente beneficiados com a construção das adutoras. A previsão é de que o auxílio se estenda a 100 mil habitantes nos próximos dez anos.
?O município de Bocaina, localizado na região de Picos, sofria com os problemas gerados pela seca. O rebanho morreu de sede, a colheita não vingou e os agricultores cogitavam sair da região. Com o projeto das adutoras, a ordem foi restabelecida e os agricultores agora podem respirar aliviados?, revela Lailson Ancelmo, gerente de projetos da Secretaria de Meio Ambiente.
Inaugurada em 2009, a adutora Bocaina/Piaus possui atualmente capacidade para acumular 106 mil metros cúbicos da água do rio Guaribas. Com 60km de extensão, ela distribui o precioso líquido para os municípios de Bocaina, Santo Antônio de Lisboa, Francisco Santos, Monsenhor Hipólito, Sussuapara e Alagoinha do Piauí.