Seca severa no Amazonas já afeta mais de 600 mil pessoas, aponta Defesa Civil

Até as 14h deste domingo, 59 municípios estavam em situação de emergência, uma cidade estava em alerta

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A Defesa Civil do Amazonas informou neste domingo (22) que o número de pessoas afetadas pela seca severa deste ano subiu para 633 mil. Das 62 cidades do estado, 59 estão em situação de emergência devido à estiagem. De acordo com o orgão , as 633 mil pessoas afetadas pertencem a 158 mil famílias.

A capital Manaus enfrenta a pior seca em 121 anos de medição do Rio Negro. Além disso, as cidades de Manacapuru, Itacoatiara e Parintins também atingiram níveis recordes de vazante. Até as 14h deste domingo, 59 municípios estavam em situação de emergência, uma cidade estava em alerta, nenhuma em atenção e 2 em normalidade, de acordo com a Defesa Civil do Estado.

Rio Negro (Foto: Carolina França/Rede Amazônica)

A seca tem impactado comunidades inteiras. Em Manaus, lagos na área urbana secaram e o Rio Negro se afastou da orla da cidade. Em Parintins, a área rural da ilha é a mais afetada, com 29 comunidades em situação de difícil acesso ou isolamento completo, segundo a Defesa Civil local. Além disso, São Gabriel da Cachoeira enfrenta racionamento de energia, aumento nos preços dos alimentos e desabastecimento.

Zona Leste de Manaus ( Maurício Martins/Rede Amazônica)

MAIOR SECA DA HISTÓRIA

Em 24 de outubro de 2010, o nível do Rio Negro atingiu uma marca histórica de 13,63 metros, sendo identificada na época como a seca mais grave desde o início das medições hidrológicas no Rio Negro, em 1902. Treze anos depois, essa marca foi ultrapassada oito dias antes do previsto. Atualmente, os níveis da água estão diminuindo a uma média de 13 centímetros por dia, conforme informado pelo Porto de Manaus. 

O Serviço Geológico do Brasil (CRPM) divulgou, no final de setembro,  um relatório indicando que o auge da estiagem só deveria acontecer na segunda metade de outubro, o que terá um impacto ainda maior no cenário de calamidade da cidade.

Desde o final de setembro, a Prefeitura de Manaus decretou estado de emergência na cidade. Naquela ocasião, o Rio Negro estava ligeiramente acima de 16 metros, o que representa três metros a mais do que o nível atual. Desde então, a administração municipal afirmou estar implementando diversas iniciativas para prevenir o isolamento e a escassez de recursos nas áreas rurais e ribeirinhas da cidade. Entre as medidas anunciadas, incluem-se a perfuração de 30 poços artesianos e a distribuição de cestas básicas.

A severa seca que está afetando o Amazonas está relacionada, de acordo com especialistas, à combinação de dois fatores que impedem a formação de nuvens e precipitações: o El Niño, que envolve o aquecimento do oceano Pacífico, e a distribuição de calor do oceano Atlântico Norte. O fenômeno do Atlântico Tropical Norte está ocorrendo simultaneamente ao El Niño, e a coincidência desses dois eventos é motivo de preocupação. Como explicou Renato Senna, meteorologista responsável pelo monitoramento da bacia amazônica no Inpa: "Vivemos uma situação semelhante entre 2009 e 2010, que foi a pior seca registrada na bacia do rio Negro nos últimos 120 anos".

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