Sem estímulo, produtores estão abandonando as hortas do Dirceu

Vários canteiros estão vazios. A falta de segurança, roubos nas plantações, a entrada de animais e de usuários de drogas estão fazendo os produtores desistirem das plantações na horta do Dirceu

Horta | José Alves Filho
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Os produtores das hortas comunitárias do grande Dirceu, zona Sudeste de Teresina, estão passando por maus bocados. Isso porque a cerca que deveria proteger a produção está visivelmente destruída, e em alguns pontos o acesso às hortas está livre.

Quem trabalha ali também denuncia que a ausência da cerca permite a entrada de animais, que destroem a plantação, e de usuários de drogas. À noite, o local virou ponto de encontro para o consumo de entorpecentes.

A situação traz desconforto para os produtores, que vivem sempre na iminência de terem produção prejudicada e incontáveis prejuízos. Segundo a produtora Maria de Fátima, a prefeitura até tentou capturar os animais que estavam invadindo as hortas, mas não obteve sucesso. Além dos animais, pessoas também roubam a produção da agricultora.

“O gado estava entrando aqui porque não tem cerca. A prefeitura até tentou pegar esses bichos, botaram um caminhão aí para procurar, mas não adiantou. Eles entram de noite e comem tudo, e o que não comem eles pisam.

Na última reunião que teve falaram que as estacas de madeira estão compradas para fazer a cerca, mas até agora nada. E o pessoal também entra e rouba à noite, eles levam o canteiro inteiro de cebola, coentro, couve, quiabo, tudo que a gente planta”, afirma.

O pessimisto está estampado na cara dos pequenos produtores: “A situação aqui não está boa, não. É gado, é cavalo, tudo entra nas hortas e come e pisa as coisas que a gente planta. É triste, porque a gente se esforça para ter uma boa produção e vêm os bichos e destroem tudo”, pontua o agricultor Raimundo de Fátima Alves dos Santos.

Após os inúmeros casos de roubos e de animais invadindo as hortas, algumas pessoas acabam por desistir da agricultura. Prova disso é o crescente número de canteiros abandonados no espaço, que deveriam estar sendo utilizados para a produção de hortaliças:

“Tem muita horta abandonada, porque os que estavam aqui dentro estão saindo com medo, e quem está fora também não tem vontade de entrar”, explica Teresa Regina de Oliveira, que também é agricultora nas hortas.

Para Teresa Regina, é necessário que as obras de readequação da cerca sejam retomadas imediatamente para que os agricultores possam trabalhar tranquilos.

“Avisaram que o material pra fazer a cerca chega até quarta-feira, estamos esperando. Enquanto isso eles roubam a gente. Quando a gente dá as costas eles roubam, não importa se é de dia ou se é de noite”, diz.

Usuários de drogas ocupam o espaço durante a noite

De acordo com os agricultores, a falta de uma cerca que proteja com maior eficácia as hortas também contribui para o tráfico de drogas na região. Eles afirmam que é comum ver usuários e traficantes frequentando o espaço do final da tarde até a madrugada, que é o período em que os produtores já não estão mais nas hortas.

Teresa Regina diz já ter flagrado a ação dos usuários de drogas: "Eles fumam aqui dentro, por ali nos cantos. Eu tinha um canteiro no canto da cerca, mais afastado daqui, e um dia desses encontrei um rapaz.

Fiquei assustada pensando que ele ia fazer alguma coisa comigo, mas ele disse 'não, tia, se preocupe não que não vim mexer com a senhora não, tô aqui só para fumar meu negocim'.

Enquanto eles não fazem nada com a gente tudo bem, mas a gente vive com medo disso", relata a agricultora. Aquisição de cerca está em fase de licitação.

De acordo com a Superintendência de Desenvolvimento Rural (SDR), a reconstrução da cerca de proteção das hortas do grande Dirceu está em fase de licitação.

Houve uma primeira licitação, que não trouxe a construção da obra porque a empresa teria desistido da empreitada, tendo inclusive pago uma multa. Nesta segunda licitação, a expectativa é de que em breve a cerca seja colocada.

O material já começou a chegar a região e os produtores foram avisados que podem procurar trabalhadores das redondezas para fazer a cerca, de modo que os trabalhos sejam iniciados mais rapidamente.

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