Com aulas presenciais suspensas na Rede Municipal de Ensino de Teresina há mais de um ano, a Secretaria Municipal de Educação (Semec) anuncia uma retomada híbrida no mês de agosto. Poucos alunos nas escolas e medidas de segurança serão necessárias para prevenir à disseminação do coronavírus nessa etapa.
Antes de reabrir as portas das mais de 300 unidades de ensino, a Semec montou um plano de ação com diretrizes a serem seguidas pelos diretores, professores, alunos, pais e comunidade em geral.
As medidas foram pensadas em conjunto com a Fundação Municipal de Saúde e a Vigilância Sanitária, recebendo também contribuições de um grupo focal de gestores escolares.
De acordo com a Semec, o retorno será gradual, com um número reduzido de alunos em sala de aula. No dia 4 de agosto, as atividades ainda serão 100% remotas, período de organização da equipe escolar para nova rotina.
Até o final da primeira semana do semestre letivo, as escolas estarão equipadas, sanitizadas e prontas para receber as famílias, que serão convocadas para avaliar o espaços modificados.
“A partir do dia 16 de agosto, as atividades começam, de fato, a funcionar em um sistema híbrido. Inicialmente, apenas parte dos alunos do 1º, 2º, 5º e 9º anos do Ensino Fundamental, além da Educação de Jovens e Adultos, voltarão a assistir aulas presencialmente”, esclarece o secretário municipal de Educação, professor Nouga Cardoso.
Com 98% dos trabalhadores em Educação vacinados com a primeira dose da vacina, os professores também voltam de forma parcial ao tempo que completam o ciclo de imunização e sintam-se seguros para o trabalho presencial.
Segurança
Segurança é a palavra de destaque para o professor José Jesus, da Escola Municipal Parque Itararé. Além de avaliar esse como item essencial para o retorno, lembrou a importância dos alunos adquirirem outro tipo de segurança no aprendizado.
“É imprescindível que as turmas estratégicas tenham acompanhamento presencial, pois farão uma avaliação nacional que necessita do apoio diário dos professores para que se sintam seguros. Acredito em um diálogo conjunto para o cumprimento das diretrizes dentro da realidade das escolas”, declarou o professor José Jesus.
Ivaldo Araújo, diretor da Escola Municipal Extrema, concorda que as escolas começam a ficar prontas para a decisão.
“Os alunos sentem falta da escola e muitos pais perguntam quando retornaremos. Nossa unidade de ensino está preparada para recebê-los com todo cuidado. Eu, como diretor, sou responsável por cuidar de mim e da comunidade escolar, então respeitaremos todas as medidas necessárias para que isso aconteça da melhor forma”.
A garantia de um processo responsável vem do próprio secretário. “Ninguém será obrigado a retornar presencialmente se não se sentir seguro para isso”, anuncia Nouga Cardoso. Segundo ele, as escolas vêm sendo preparadas em todos os aspectos e os pais poderão conferir o espaço antes do início das aulas.
“Na primeira semana do segundo semestre letivo as equipes escolares estarão organizando a nova rotina e a comunidade é convidada para participar desse diálogo, conferir as intervenções feitas nas escolas e então decidir se os filhos retornarão ou não, assinando um termo de responsabilidade”, explica Nouga.
Aulas remotas terão continuidade
Desde o início do ano os alunos participam das atividades à distância por plataformas diversas. Além de aulas na TV e todo material disponível na internet, os pais têm a opção de buscar as atividades impressas na escola.
O esforço é para manter os alunos participativos, mesmo os que moram em áreas da zona Rural ou que não possuem TV em casa.
“Com o formato híbrido, que está sendo adotado em todo o Brasil e logo inicia em Teresina, as atividades remotas continuarão no mesmo ritmo, atendendo o grupo de alunos que permanece em casa.
Os pais poderão escolher em qual formato os alunos vão assistir aula, com a opção de permanecerem em casa por mais tempo”, ressalta o secretário executivo de Ensino da Semec, professor Kleytton dos Santos.
Reformadas para receber os alunos
Para que estejam prontas para um segundo semestre no formato híbrido, as escolas passaram por uma série de intervenções estruturais. A Escola Municipal Arthur Medeiros Carneiro, por exemplo, situada no bairro Usina Santana, ganhou pintura nova, cobertura termoacústica, lâmpadas de led e troca dos aparelhos de ar-condicionado.
“Fizemos reparos nos prédios, uma limpeza de forma geral, preparando para a chegada dos alunos. As escolas vão utilizar no sistema de rodízio as salas de aula mais arejadas, com boa ventilação e garantindo distanciamento entre as carteiras”, explica o gerente de Manutenção e Conservação da Semec, Brito Leal.
A secretária executiva de Gestão, Edileusa Sampaio, pontua que as escolas serão munidas de equipamentos de proteção, como dispensers de álcool em gel, máscaras, pias, tapetes sanitizantes e material de limpeza.
“A Semec realizou uma licitação para aquisição do material necessário para atender os protocolos sanitários. Os gestores também poderão equipar suas escolas utilizando os recursos do PDDE Emergencial. Nosso planejamento é com base em um retorno responsável, respeitando todos os limites”, garantiu Edileusa.
“Falar sobre um retorno não quer dizer que vamos voltar amanhã”, dispara a diretora da Escola Municipal Júlio Lopes, Susana Paz. Segundo ela, o momento é de planejamento e cautela.
“Concordamos que é preciso dar o primeiro passo. Conversar com a comunidade escolar, pensar em formatos de revezamento e garantir a segurança de todos, especialmente com a vacina”, completa.
Alunos querem retorno às aulas
Na escola Júlio Lopes, localizada na zona Sul, estão matriculados 1.082 alunos, mas apenas as turmas do 9º ano farão rodízio para intercalar entre dias em casa e dias na escola.
“Já trabalhamos em escala dos profissionais da escola, assim também organizaremos com os professores. Com o apoio da Semec, que está bastante empenhada nessa organização para manter todo o protocolo estabelecido. Estamos lidando com vidas, segurança em primeiro lugar”, pontua a diretora Susana Paz.
A Grazielle Cruz sente saudade de tudo: escola, colegas, professores e até das aulas de matemática. “Quero voltar, ficar em casa chega a ser entediante. Claro que tenho um pouco de medo, mas acredito que tomando todos os cuidados estaremos protegidos, até porque praticamente tudo já está funcionando na cidade. Somos alunos mais velhos sabemos bem da importância de manter a prevenção contra o coronavírus”, pontuou a estudante.
A mãe Maria Antônia dos Santos também acredita na conscientização com estratégia de proteção. “Todo mundo terá que se adaptar a viver com esses cuidados, lavando sempre as mãos e evitando contato físico. Esse papel de educar sobre o assunto não é só da escola, começa em casa devemos alertar nossos filhos sobre o cuidado consigo e com os outros na escola”, concluiu a mãe.
Ministério Público volta atrás e divulga parecer favorável
Nos últimos dias, o Ministério Público entrou em conflito ao lançar dois pareceres divergentes sobre o retorno das aulas públicas municipais e também estaduais.
Enquanto uma instância exigiu da Semec urgência no retorno presencial, também pressionada pela população, outra promotoria expediu recomendação para barrar o planejamento de retorno.
No último dia 30 de julho, o Procurador-Geral de Justiça divulgou decisão desqualificando a 42ª Promotoria de Justiça de Teresina/PI atribuição legal para expedir a recomendação sobre a suspensão do início das aulas.
Portanto, com o plano de ação aprovado pelos órgão de saúde sanitária, está confirmado o retorno no formato híbrido a partir o dia 16 de agosto.