Aos 25 anos, a fotógrafa Julia Kozerski foi diagnosticada com obesidade mórbida. A fim de mudar e melhorar sua vida, Julia resolveu enfrentar seus mais de 150 quilos de então, na direção de uma jornada de saúde, exercícios, controle de alimentação, e autorretratos. Ao longo dessa jornada, foram muitas as imagens registrando as mudanças e as consequências de tal processo em seu corpo, após perder impressionantes 72 quilos.
Fotografar foi para ela uma maneira de reconhecer seu corpo, o corpo que se revelava por debaixo dos quilos perdidos. “Eu tinha vergonha do que havia feito comigo”, admite, “e por isso no início só fotografava closes da pele, sem mostrar meu rosto”. Hoje ela revê as fotos diariamente, abraçando esse capítulo de sua vida como algo essencial. “Cada marca, cada cicatriz, é o que somos”, ela diz.
O ensaio se chama Half, ou ‘Metade’, e parece revelar, entre a beleza e a estranheza, a dor e a alegria, a singularidade e a força, um corpo que costuma permanecer escondido. Coragem é aqui palavra chave – para enfrentar o processo, registrá-lo, mostrá-lo e reconhecer o orgulho que há de haver em cada corpo e história, como um mapa de uma felicidade possível e necessariamente bela.