Nessa quarta (26) foi O Dia Mundial de Prevenção da Gravidez na Adolescência, uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do laboratório Bayer acende um alerta: 73% dos jovens não usam camisinha na primeira transa. A falta de prevenção pode levar a uma gravidez de risco, mas também é a porta de entrada para doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Uma delas é o HPV, que causa o câncer de colo do útero.
? Nas adolescentes, muitas lesões causadas pelo vírus HPV desaparecem sozinhas. Mas há um grupo em que elas evoluem para tumores. Esse câncer é um dos principais causadores de infertilidade, abortos, partos prematuros e mortalidade entre mulheres jovens ? afirma Felipe Lorenzato, ginecologista e doutor em Patologia Molecular.
Sinais podem demorar
Entre o contágio pelo vírus e a manifestação de sintomas podem se passar décadas. Ao serem contaminados na adolescência ? 82% fazem sexo antes dos 17 anos, ainda segundo o estudo ? homens e mulheres podem passar os anos mais intensos de sua vida sexual disseminando o HPV, sem saber.
? O sintoma que mais aparece nessa faixa etária é a verruga, que é benigna. Mas cuidado: uma mulher com esse quadro, tem quatro vezes mais chances de apresentar uma lesão no colo do útero no futuro ? alerta Denise Monteiro, professora da Uerj e especialista em Ginecologia da Infância e Adolescência.
Em 2009, a pesquisadora publicou um artigo onde relatava seus estudos no Instituto Fernandes Figueira, no Rio, com meninas de 11 a 19 anos. Nos dois primeiros anos de atividade sexual, 20,5% delas apresentaram alterações no exame que indicavam infecções por HPV.
? A melhor saída é vacinar as meninas de 9 a 14 anos contra o HPV. Se elas ainda não tiverem vida sexual ativa, a eficácia da prevenção é de 100% ? afirma a chefe de Virologia do Instituto Ludwig e coordenadora do Instituto do HPV, Luisa Villa.
Rio terá vacina para meninas de 9 a 11 anos
A Secretaria estadual de Saúde abriu licitação para a compra de vacinas contra o HPV, que devem ser oferecidas nos postos de saúde, em 2013. O estado é o primeiro do país a oferecer as doses.
A reação dos pais fluminenses, porém, pode ser um desafio na implantação da imunização. Numa pesquisa do Hospital do Câncer de Barretos, que implementou a vacinação de forma experimental, alguns pais foram contra a iniciativa. Dentre os que não aceitaram a vacinação das filhas, 21% alegaram razões pessoais e 10% disseram que a menina não precisava, pois não fazia sexo.
? O sinal vermelho para o câncer não é um sinal verde para o sexo. A vacina não estimula as relações precoces. Ela apenas evita doenças ? orienta Felipe Lorenzato.