É difícil entender que algo que agrada ao espírito, alivia o corpo e até que faz bem para a pele seja tão perseguido. Trata-se da sexualidade. Censurada, castrada, motivo de culpa e vergonha. Que falta de evolução, quanto atraso, numa palavra - para economizar e dizer tudo -, inadmissível.
A força da sexualidade é companheira do homem desde sempre em sua evolução cósmica. Sexo, ponto de encontro do corpo com o espírito, união entre carne e energia, contato entre a matéria e a transcendência, é uma dádiva e como tal deve ser recebida e tratada.
Pena que os poderes organizados, injusta e exageradamente, controlam com mão pesada essa passagem que nos transporta para áreas de elevação e plenitude.
É equívoco pensar, como insistem em nos fazer acreditar, que as coloridas paisagens do sexo não podem ser desfrutadas por quem está em busca de um sentido maior e mais depurado para a existência. Justamente o contrário: por ser prazeroso e divertido ele é convite para compreendermos melhor o que realmente devemos buscar na Terra.
Fico chocada ao encontrar tanto drama de consciência em algo que deve ser tratado com aquela espontânea naturalidade. Perdi a conta das vezes que precisei acolher pessoas sobrecarregadas de sofrimento, cobertas de feridas psicológicas.
Fora do eixo do equilíbrio espiritual, só porque tinham aceitado escutar seus anseios e batalhar pela felicidade. Como o mergulhador que puxa uma lufada de ar ao aflorar depois de longo tempo ser respirar, encho os pulmões, renovo o oxigênio cerebral para colocar para fora a angústia que recolhi em tantos anos atendendo essa questão.
Nada pode ser mais intensamente espiritual do que, justamente, esse mecanismo de distribuição das energias cósmicas que resulta - observe-se - em renovação, recomposição. Que se compreenda: sexo é vida! Fácil assim. Sua expressão revela nossa ligação profunda com a ordem generativa e regenerativa do mundo.
As pessoas devem crescer, as sociedades devem crescer, todos devem olhar para esse tema com olhos de verdade, deixando de lado hipocrisias e falsos moralismos.
Sei o quanto amadureceríamos com essa postura sincera e acredito que, passo natural do progresso humano, vamos avançar proveitosamente nessa direção para que possamos viver numa Humanidade melhor, digna de seu nome.
Escrito por Marina Gold