Hoje (05), a Assessoria Jurídica do Sindicato dos Médicos do Piauí encaminhará ofício à Secretaria Estadual de Saúde e ao Ministério Público Estadual denunciando a falta de diretor clínico no Hospital Regional Justino Luz, de Picos, localizado a cerca de 300 km da capital.
A unidade é a maior do estado em número de cidades atendidas, já que responde por cerca de 60 municípios da macrorregião, com uma população estimada em 450 mil pessoas. Um dos cirurgiões do hospital, José Ayrton Bezerra, diz que a situação está insustentável.
“O doutor José Aires Pedreira Neto pediu demissão do cargo de diretor clínico em janeiro por problemas pessoais, mas até agora a Secretaria de Saúde não designou ninguém para a função. Na prática, o que existe é um tesoureiro que bota férias e tira férias de quem quer, fica vigiando o médico.Essa intolerância tem gerado desgaste e grande mal estar entre todos nós”, reclama.
O presidente do Sindicato, Leonardo Eulálio, foi procurado por outros médicos da unidade, que relataram problemas ocasionados pela ausência do diretor. “A diretoria técnica de um hospital é de extrema importância. Não podemos permitir que um hospital com tamanha abrangência perca a qualidade dos serviços oferecidos por falta de direcionamento”, argumenta.
A entidade também foi informada de que os três médicos que realizavam cirurgia ortopédica no hospital pediram demissão recentemente. “Do jeito que as coisas estão sendo conduzidas, é provável que o Hospital Justino Luz sofra uma demissão em massa. Precisamos que a Secretaria de Saúde tome providências urgentes”, ressaltou Leonardo Eulálio.
Lei
O Conselho Federal de Medicina declara que a existência do cargo de Diretor Técnico é obrigatória em qualquer organização hospitalar ou de assistência médica, sendo ele o principal responsável por coordenar e supervisionar o funcionamento da instituição, segundo Resolução CFM nº 997/80.
De acordo com a assessora jurídica do SIMEPI, Lílian Ribeiro, o diretor clínico é quem deve fazer as escalas e assumir o plantão quando o médico designado faltar, independente do motivo. A diretora geral do Hospital, Valdeci Leite, afirmou ao SIMEPI que o diretor técnico foi nomeado através de portaria ainda não revogada e que o mesmo continua recebendo DAS pelo exercício da função e gratificação por produção. Valdeci afirma que o diretor técnico ainda não foi substituído porque nenhum outro médico quis assumir o cargo.
“Confesso que desde janeiro ele apenas assina os documentos, porque não encontrei ninguém para substituí-lo. O que devo fazer? Fechar as portas?”, questionou. Segundo ela, o governador Wellington Dias e o Secretário de Saúde, Assis Carvalho, têm conhecimento do pedido de exoneração do diretor.
O afastamento do médico José Aires da direção do hospital também não foi comunicado por escrito ao Conselho Regional de Medicina, conforme determina o Conselho Federal. Mais denúncias O cirurgião vascular do hospital, José Almeida, diz que teve a produtividade cortada sem aviso prévio.
“Já aconteceu de receber 15 centavos pela produtividade do mês. Isso é um desrespeito”, afirma. A Unidade de Terapia Semi-Intensiva do hospital também estaria funcionando sem equipe de profissionais. “Quando é preciso atender um paciente na UTI, a direção chama o plantonista porque a unidade foi inaugurada no início do ano, mas até agora não foi formada um equipe específica”, afirma José Almeida.