Um tapete verde cobriu determinadas áreas do Rio Poti na região que fica entre as zonas Leste e Norte de Teresina. Os aguapés, que tomaram as águas, carregam um papel ambiental muito importante, pois se alimentam da matéria que está em suspensão no rio, funcionando como filtros que proporcionam a limpeza das águas. Contudo, quando essas plantas se apresentam em grande quantidade, é uma indicação de anormalidades no ambiente, uma bioindicação. É o que explica o biólogo Ribamar Rocha.
“Elas estão dizendo, com uma linguagem da proliferação, que aquelas águas estão poluídas, com muito material orgânico em suspensão”, explica o biólogo.
Essa matéria orgânica encontrada nos rios da capital são decorrentes do despejo do esgoto sem tratamento das regiões urbanas e rurais. São substâncias de diversos tipos, sejam provenientes de materiais de limpeza ou até mesmo baterias de celular, por exemplo.
“Às vezes uma pessoa dissolve medicamentos na água ou faz o descarte incorreto de baterias que vão liberar materiais pesados. Toda aquela água se torna altamente prejudicial para o ambiente, os peixes sentem dificuldades de sobreviver no local impactado e vão procurar áreas menos lesionadas, prejudicando os pescadores da região do Poty Velho, que ficam sem variedade de pesca”, disse Ribamar.
Esse reflexo nos aspectos ambientais e socioambientais são graves para o rio que banha os estados do Ceará e Piauí. Quando os aguapés proporcionam esses tapetes, é apenas uma ponta do problema ambiental que enfrentamos, enfatiza o professor. “É como se a natureza tivesse fazendo uma reclamação verde”, conta.
Até agora, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semam) está estudando um convênio com o Sindicato dos Pescadores do Piauí (Sindpesca-PI) para o trabalho de manejo das plantas no rio. Com relação à medida apresentada, o biólogo explica que esse serviço tem riscos e precisa de conhecimentos aprofundados. “Quando se vai para algum local com aguapés, você vai ter contato com a poluição. No Poti tem muitas substâncias tóxicas, microrganismos, vírus e bactérias transmissoras de doenças”, fala.
Também, em alguns locais, servem de abrigo aos microecossistemas, favoráveis até mesmo para a proliferação de mosquitos. “No processo de remoção dos aguapés, ele está removendo a poluição, que já estava depositada no leito do rio. Quando você agita as plantas, está refazendo o processo de impacto ambiental”, diz.