O Sopa Solidária é um projeto que cresce a cada dia na capital. Desde o mês de abril um grupo de mais de 30 voluntários têm trabalhado de forma incessante para dar conforto e alimento a pessoas em situação de vulnerabilidade. O grupo iniciou com moradores de rua e agora parte para os bairros mais pobres de Teresina, distribuindo uma deliciosa sopa.
No último sábado (25) a equipe foi à Vila Ferroviária, uma região escondida e praticamente esquecida da capital. Entre a linha férrea e o bairro Ilhotas, onde moram pessoas de classe média alta, o abismo social é imenso. Famílias mais pobres, que por vezes não tem o que comer, sofrem na pele a dor da fome.
Diante disso, um gesto pequeno como oferecer um prato de sopa termina sendo muito mais que isso. É um alimento e conforto para a alma daqueles que tanto precisam de mais do que a simples comida, mas, às vezes, um simples gesto repleto de carinho e cuidado que fazem toda a diferença.
A dançarina Neguxa, que ficou muito famosa nas redes sociais após ganhar uma premiação da Rede Meio Norte durante o Carnaval, é uma das madrinhas da ação. Ela mora na comunidade e sabe que a fome é uma realidade de muita gente. “Tem gente que vem aqui tomar a sopa sem ter tomado o café da manhã. Muitas crianças estão nessa situação. Essa sopa é uma bênção”, reconhece.
Comunidade faz festa para receber a sopa
Na hora da necessidade não dá para pensar em isolamento social. Muitas pessoas fizeram filas e uma grande aglomeração para receber a sopa solidária. Para Arlene Oliveira, presidenta da Associação dos Moradores da Vila Ferroviária, este tipo de ação é fundamental para a saúde dos moradores, que enfrentam problemas de subnutrição.
“Muitas pessoas passam fome na nossa comunidade. Muita gente mesmo. Somos uma região vulnerável e repleta de problemas. Esse tipo de ação também é bom para nos dar existência. Dizer: ei, estamos aqui!”, considera.
Maria José, de 65 anos, diz que a sopa faz diferença em sua causa. “É uma delícia. Já é a garantia da janta. É uma bênção de Deus, ainda mais com o arroz tão caro, o feijão. Enfim. Tudo está caro”, reforça.
Ação iniciou com a pandemia
A ação, que começou logo no início da pandemia, com apenas com três pessoas, atua na organização da ação e na doação de alimentos. A distribuição da sopa acontece a cada quinze dias em vilas, comunidades, praças, também acontece uma vez por semana com a distribuição de bolos, caldos e saladas de frutas. Em outubro eles planejam uma festa para as crianças e, em dezembro, uma ceia de Natal.
Reyla Araújo, empresária do ramo de restaurantes, iniciou o projeto com a família. “Essa ideia foi minha e do meu primo. No começo da pandemia o pessoal tava passando muita necessidade. Comecei a comprar os ingredientes e eu mesma fiz a sopa. Tenho um restaurante, que me dá toda a estrutura. Então fazer isso sabendo que vou alimentar pessoas que estão com fome e vulneráveis é impactante. É emocionante para nós. Quando servimos, percebemos como eles comem. Faço com amor, com muito tempero e de coração”, conta.