A guerra entre o crime organizado pelo controle do tráfico de drogas no país fez com que 70 detentos de facções rivais ao Primeiro Comando da Capital (PCC), que lidera o comércio de drogas no estado de São Paulo, fossem transferidos de diversos presídios do estado desde o início deste ano. A medida visa evitar possíveis conflitos, segundo a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP).
A determinação foi dada pelo titular da pasta, Lourival Gomes, e ocorreu após rebeliões no Amazonas e em Roraima deixarem mais de 100 mortos desde o início de 2017. Os assassinatos ocorreram devido à disputa entre e o PCC e a facção rival carioca, Comando Vermelho (CV), pelo controle dos presídios e do tráfico de drogas no país.
Informações apontam que a ordem para que o CV matasse membros do PCC em Manaus partiu de uma penitenciária federal em Mato Grosso do Sul, onde está um dos líderes da Família do Norte (FDN) preso durante a Operação La Muralla da Polícia Federal, em 2015. A chacina ocorrida na capital amazonense no primeiro dia do ano deixou 56 mortos. A FDN é aliada do CV e controla a venda de drogas e armas no Norte do país.
Em São Paulo, os presos transferidos após as rebeliões foram levados para unidades consideradas neutras, não dominadas por nenhuma facção criminosa. Por questões de segurança, a SAP diz que "os locais para os quais os presos foram removidos não serão divulgados".
Entre os transferidos estão também presos provisórios (ainda sem condenação) e que pertencem a facções rivais ao PCC, em especial o Comando Vermelho.
Alguns dos presos destas facções estavam no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, e foram transferidos para Presidente Venceslau, no interior do estado.
De acordo com a SAP, antes das remoções, foram analisados cerca de 220 mil prontuários de presos. Além dos registros do sistema carcerário, a pasta usou informações recolhidas pelos diretores de unidades prisionais.
Também foram deslocados presos batizados (que praticam o crime formalmente em nome de uma facção) da Okaida, cujo nome deriva do grupo terrorista Al-Qaeda, de Osama Bin Laden. A Okaida já era inimiga declarada do PCC e atua mais na região Nordeste do país, como Ceará, Pernambuco e Paraíba.
A inteligência dos órgãos do governo diverge sobre a presença de integrantes da FDN em presídios do estado, não sabendo precisar se há poucos ou nenhum detento que diz integrar a Família do Norte. Em alguns casos, presos não declaram nem pedem para ficar em celas seguras, embora pertençam a uma facção.