Reafirmando a ideia de conhecimento para além do ambiente acadêmico, a startup nascida na Universidade Federal do Piauí (UFPI) “EcodryTec” foi selecionada para representar o Brasil na 27ª sessão da Conferência das Partes (COP27), Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, que ocorrerá entre os dias 6 e 18 de novembro em Sharm El-Sheikh, no Egito. A seleção da startup piauiense se deu após participação no edital Catalista ICT do SEBRAE, programa que busca transformar o conhecimento gerado nas universidades em negócios inovadores.
Empresa incubada pela Incubadora de Empresas do Agronegócio Piauiense (INEAGRO/UFPI), a EcodryTec Tecnologias Renováveis para Desidratação de Alimentos foi criada em 2017 e conta como sócio-fundadores os professores Adriana Galvão (Departamento de Artes – DEA/CCE) e Alexandre Miranda Pires dos Anjos (Departamento de Física – DF/CCN).
“Nossa tecnologia social inovadora e sustentável pode ajudar a combater as perdas e desperdícios de alimentos, gerando produtos de qualidade e duráveis. Ao utilizar energias renováveis, os impactos ambientais são minimizados, colaborando na redução da emissão de CO2. A implementação da tecnologia na Agricultura Familiar promove o protagonismo da comunidade com geração de emprego e renda. Com a produção escalonada de máquinas e a produção de desidratados, é possível aumentar a oferta de alimentos no mercado, suprindo parte da demanda alimentar no combate à fome”, explicaram os professores Adriana e Alexandre.
Além da incubação na INEAGRO, a participação em editais de fomento da FAPEPI, SEBRAE e a conquista do prêmio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD Brasil) foram fundamentais para o crescimento do projeto. “Pudemos construir as novas gerações do Desidratador Solar, desenvolver o Sistema Integrado para Desidratação de Alimentos Movido a Energia Solar (SIDAE) e implementar o sistema em 5 comunidades da agricultura familiar”, acrescentam.
Atualmente, o SIDAE é objeto de estudo na área de Desenvolvimento e Meio Ambiente no Programa de Doutorado em Rede PRODEMA da UFPI, e integra o quadro de pesquisas interdisciplinares pioneiras e inovadoras com grande aderência aos Objetivos de Desenvolvimento Social (ODS) da ONU.
O envolvimento dos estudantes também é fundamental dentre as metas propostas pela startup. A empresa já chegou a contar com cerca de 20 bolsistas de extensão e estagiários. Atualmente, Thiago Lago do Curso de Engenharia Elétrica da UFPI é um dos alunos colaboradores.
“Eu entrei no projeto no segundo semestre de 2019, estava no 2° período do meu curso e aproveitei a bagagem que trouxe do IFPI, lá tinha cursado eletrônica junto com o ensino médio, isso me possibilitou fazer parte do projeto EcodryTec, que desde então só tem agregado na minha vida, tanto por trazer mais conhecimentos na área específica de automação, como por abrir portas dentro da minha graduação, meu professor já adiantou que esse pode ser o tema do meu TCC, agora com o projeto sendo selecionado para vários eventos e financiamentos eu me sinto privilegiado de fazer parte dele”, destacou Thiago.
Impactos no Piauí e participação na COP27
Os professores fundadores enfatizam a importância da tecnologia EcodryTec representar o estado, pois demonstra o potencial inovador do Piauí no cenário nacional. Já participaram de diversos eventos ligados à energia solar, agronegócio e gastronomia, colaborando para a presença do Piauí no radar da inovação do Brasil. “Pretendemos ajudar a mitigar as perdas e desperdícios no estado, gerar emprego, renda e incremento na economia. Em 5 anos, pretendemos construir a 1ª Usina Sustentável para Desidratação de Alimentos movida a Energia Solar da América Latina”, frisaram.
Representar a UFPI, Piauí e Brasil na COP27, após iniciativa do SEBRAE, constitui responsabilidade para a startup. “Significa que estamos num bom caminho, buscamos resolver problemas reais e que são urgentes mais do que nunca, sobretudo após o cenário pandêmico. Estamos alinhados ao ODS 12.3: Consumo e Produção Sustentáveis, que prevê a redução pela metade das perdas e desperdícios de alimentos, até 2030. Uma preocupação mundial que requer esforços conjuntos para reverter o cenário planetário de crise alimentar sistêmica, com o aumento da desnutrição, fome e extrema pobreza após a covid-19: o maior aumento da fome mundial em décadas (FAO, 2021). Participar da COP27 significa que desenvolvemos uma tecnologia inovadora, sustentável e de relevância para a solução deste problema, que pode ser aplicada nos demais países”, ressaltaram.
A COP27 tem por intuito avaliar as vulnerabilidades, capacidades e os limites do mundo e da sociedade para se adaptar às mudanças climáticas. Durante o evento, os países vão definir aspectos centrais para a implementação do Acordo de Paris.