O submarino argentino ARA San Juan, desaparecido há um ano nas águas do Oceano Atlântico, com 44 tripulantes a bordo, foi localizado, informaram neste sábado (17) o Ministério da Defesa e a Marinha da Argentina.
A embarcação está em uma região de cânions (espécie de rios submarinos), a 800 metros de profundidade, e a 600 km da cidade de Comodoro Rivadavia, onde se tinha montado o centro de operações durante a busca.
O local é o mesmo onde há um ano foi identificada uma "anomalia hidroacústica" semelhante a uma explosão. Segundo o jornal Clarín, as primeiras informações oficiais são de que o submarino está "achatado na proa e bastante intacto".
A empresa norte-americana Ocean Infinity, contratada pelo governo argentino, encontrou o submarino por meio de observação feita com um veículo submarino operado remotamente com câmeras subaquáticas. A equipe ainda rastreia e investiga a área com um veículo operado por controle remoto. A companhia deverá receber US$ 7,5 milhões pelo trabalho.
"O Ministério da Defesa e a Armada da Argentina informam que no dia de hoje, tendo sido investigado o ponto de interesse número 24 informado pela Ocean Infinity, mediante observação realizada com um ROV [veículo de observação remota] a 800 metros de profunidade, houve identificação positiva do Ara Jan Juan", anunciou a Marina Argentina no Twitter na madrugada deste sábado (17).
Ainda não há informações sobre como será feito o resgate da embarcação.
Desaparecimento há 1 ano
O ARA San Juan desapareceu em 15 de novembro de 2017, quando voltava do porto de Ushuaia, onde realizou exercícios militares, para a base naval de Mar del Plata. o subamrino estava a cerca de 430 quilômetros da costa patagônica da Argentina quando enviou seu último sinal.
Horas antes, o comandante havia alertado de uma falha provocada pela entrada de água por um duto de ventilação que vazou no compartimento das baterias elétricas e produziu um princípio de incêndio.
Embora a Marinha argentina tenha garantido em várias ocasiões que essa falha foi "corrigida" e que o San Juan continuou navegando para Mar del Plata, o certo é que seu rastro foi perdido e nunca chegou ao porto dessa cidade, onde deveria ter atracado em 19 de novembro.
O submarino diesel-elétrico de fabricação alemã, adquirido em 1985, era um dos três da Marinha argentina. Em 2014, ele havia sido reabilitado, e o sistema de baterias havia sido trocado.
As buscas
As buscas pelo Ara San Juan começaram 48 horas depois de seu desaparecimento, mas sem sucesso. Desde o fim do ano passado e ao longo de 2018, 13 países, incluindo o Brasil, reuniram esforços para participar das operações, com navios, aviões e submarinos.
Nos primeiros meses de busca, os trabalhos haviam se limitado a 430 km do litoral, em torno de uma área onde havia sido detectada uma explosão horas depois da última comunicação do submarino.
A pressão das famílias dos tripulantes, que juntaram recursos e acamparam 52 dias na Praça de Maio, em frente à sede da Presidência, em Buenos Aires, levou à contratação da empresa Ocean Infinity conhecida por participar da infrutífera busca pelo avião da Malaysia Airlines, desaparecido em 2014.
A empresa se comprometeu a fazer a busca por até 60 dias, e só ser remunerada caso encontrasse a embarcação. Após dois meses, a companhia chegou a anunciar que abandonaria a expedição nesta semana, ao menos, temporariamente. Porém, a descoberta de "um ponto de interesse" na quinta-feira (15) fez com que a empresa permanecesse na empreitada.
A localização do ponto, que acabou sendo confirmado como o paradeiro do submarino, foi divulgada na sexta-feira pela Marina da Argentina.
"A empresa informou um novo ponto de interesse no sítio 1 área 15A-4, a 800 metros de profunidade. O ponto de interesse tem uma dimensão de 60 metros de longitude. Hora de chegad apara a iniciar a investigação: 19h, aproximadamente", disse a corporação, no Twitter.
Segundo a Ocean Infinty, cinco veículos submarinos autônomos foram usados na operação. Eles são operados por uma equipe de cerca de 60 pessoas a bordo do navio Seabed Constructor. Além deles, três oficiais da marinha argentina e quatro familiares da tripulação do Ara San Juan fazem a observação dos trabalhos.