'Sujões' ignoram PRR e jogam lixo em calçadas

Prefeitura gasta por mês R$ 338 mil coletando, em média, 2,4 mil toneladas dos resíduos dispostos nos 35 PRRs distribuídos pela capital. Mas lixões irregulares acumulam 8 mil toneladas

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Lixo tem lugar certo para ser despejado, mas em Teresina, qualquer ponto se torna concentração desses resíduos. Mesmo com pontos de recolhimento apropriados espalhados pela cidade, muitos teresinenses ainda jogam restos de material de construção, galhos de árvores e até animais mortos em terrenos baldios ou até em calçadas. Na Rua Governador Arthur de Vasconcelos, no bairro Porenquanto, zona Norte, por trás de uma maternidade, entulhos se amontoam. A poucos quarteirões de lá, há um dos Pontos de Recolhimento de Resíduos (PRRs) disponibilizados pela Prefeitura. Mas é mais comum do que se imagina encontrar amontoados de lixo pelas calçadas próximas ao local.

A região possui muitas residências fechadas que também se tornam alvo fácil para os “sujões” depositarem lixo. Segundo os moradores, a rua recebe a limpeza pública, mas sempre volta a servir como descarte irregular de entulho, ou seja, 48 horas depois da passagem de equipes da Prefeitura.

“O povo é tão mal-educado que joga lixo aqui. Não são os moradores da rua, mas de pessoas próximas. Justiça seja feita, a PMT limpa sempre. Nós ficamos chateados porque jogam animais podres aí e nós que sofremos as consequências. O que adianta ter nossa casa e nossas coisas limpinhas?”, questionou a moradora Azênina Assis, que mora há 60 anos no bairro.

“Além disso, as casas fechadas e que nunca foram alugadas ainda servem à noite para usuário de drogas. Nós apelamos, mais uma vez, para que haja participação da população na fiscalização dos "sujões", completa a aposentada.

A equipe do Jornal MN flagrou um carroceiro depositando dejetos de construção e outros inservíveis no local. Quem for pego jogando lixo nas ruas, receberá uma multa no valor de R$ 300, segundo os agentes de fiscalização da Superintendência de Desenvolvimento Urbano (SDU).

Crédito: José Alves Filho

A situação revolta o morador Francisco Nunes. “As pessoas jogam de tudo, até TV de plasma e animais mortos. São vários pontos aqui na mesma rua, como você pode ver na outra esquina. O mau cheiro é tamanho por aqui”, reclamou.

De acordo com Vicente Moreira, secretário executivo da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Semduh), o município investe por mês R$ 338 mil coletando, em média, 2,4 mil toneladas dos resíduos dispostos nos 35 PRRs distribuídos pela capital.

“Podemos alcançar mais. Mesmo com o fácil acesso aos PRRs, o poder municipal ainda precisa coletar uma média 8 mil toneladas de resíduos dispostos de maneira irregular em terrenos baldios e vias públicas,  mensalmente. É quase quatro vezes mais do que o que coletamos nos PRRs e o objetivo é que seja o contrário. A distribuição dos pontos foi feita para que cada contêiner instalado cobrisse uma área de até dois quilômetros de abrangência, com o intuito de erradicar áreas de deposição irregular ao longo de toda região onde está instalado”, explica Vicente Moreira.

O lixo domiciliar deve ficar destinado à coleta que é feita toda semana e outros materiais, como resto de poda e madeira. Móveis devem ser transportados até um PRRs da região. Na Centro Norte são 9 PRRs, que ficam localizados nos bairros Morro da Esperança, Mafuá, Aeroporto, Mocambinho, Santa Maria da Codipi (dois pontos), Mafrense e Buenos Aires.

A população também pode denunciar o descarte incorreto de lixo domiciliar ou materiais sólidos pelos números (86)3215 7465, (86) 99806 6171 (Lixo Zero) ou por meio do aplicativo Colab, que fornece ao cidadão a possibilidade de acrescentar imagens e local da infração

Teresina tem 123 bairros com focos de criadouros do Aedes aegypti

Teresina foi classificada como sendo de médio risco para a infestação do Aedes aegypti, de acordo com o Levantamento Rápido do Índice de Infestação pelo Aedes aegypti - LIRAa, que apontou um aumento no número de criadouros do mosquito, em 103 bairros da capital piauiense. O levantamento foi realizado entre os dias 25 de fevereiro e 1º de março, em 14 mil imóveis, vistoriados por agentes de combate a endemias, da Gerência de Zoonoses. 

Crédito: José Alves Filho

Teresina apresentou o índice 2,4%, de acordo com o LIRAa. A gerente de Zoonoses da capital, Oriana Bezerra Lima, explica que quando se tem um índice de infestação menor que 1%, isso é satisfatório, porque se tem um baixo risco de acontecer uma epidemia, seja por dengue, Zika ou chikungunya. Mas a partir do momento que se tem um indicador acima de 1% até 3,99%, se tem uma situação de alerta. E a partir de 4%, já é uma situação de risco, com fatores e possibilidades de uma situação de surto epidêmico de dengue, Zika ou de chikungunya, na cidade.

"Embora esse período é o que representa o maior indicador no momento de proliferação vetorial, é preciso que a gente redobre os cuidados e que as pessoas mantenham seus ambientes livres de criadouros", diz Oriana Bezerra, em entrevista para o 70 Minutos, da Rede Meio Norte.

Segundo ela, os fatores que contribuem para o índice de infestação são as muitas ofertas de potenciais criadouros, como recipientes que acumulam água. Após as chuvas, os ovos do mosquito eclodem,    aumentando o índice de infestação.

MEDIDAS.

As medidas a serem adotadas, segundo Oriana Bezerra, são as mais simples e eficientes. Ou seja, a limpeza constante dos imóveis, calhas, lajes, ralos, tanques, e diversos recipientes, para evitar o favorecimento de criadouros e o aumento da doença. Fazer o despejo de lixo em local adequado também diminui para os riscos de proliferação das arboviroses. 

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