O surfista Charles Barbosa, que perdeu as mãos em um ataque de tubarão na praia de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, há 13 anos, recebeu próteses importadas da Escócia. Feitas de fibra de carbono e revestidas de silicone, ao chegar em Porto Alegre (RS), onde Barbosa fez o treinamento, as mãos biônicas receberam soquetes, que servem para encaixar e segurar bem as próteses no corpo do rapaz.
As próteses chegaram ao Brasil em abril, mas precisavam passar por alguns ajustes, até ficarem na medida certa para o usuário. Além disso, ele tem que passar por um treinamento, onde são ensinados os comandos básicos das mãos biônicas, que são estabelecidos através de um programa de computador.
Charles Barbosa ainda não consegue escrever, mas já digita, aperta a mão, segura um copo. Mesmo que algumas vezes erre comandos ?básicos?, o surfista comemora cada pequena vitória: ?Não é uma coisa fácil, mas está valendo a pena. Tem coisa que eu tinha dificuldade de fazer, e agora já está mais fácil. Tudo depende do treino, eu tenho que me adaptar ainda, é uma coisa nova. Mas está sendo bom?, festeja.
O rapaz tinha 21 anos na época do acidente, no dia 1° de maio de 1999, quando foi atacado pelo animal, enquanto surfava com amigos. As mordidas causaram uma fratura exposta, na perna direita, além de arrancar as duas mãos do surfista. Em 2010, Barbosa entrou na justiça, buscando reparação pelos danos sofridos. O juiz da 3ª Vara da Fazenda Pública, José Marcelon Luiz e Silva, determinou que o Estado deveria comprar próteses modernas, com movimento nos cinco dedos. As mãos mecânicas custaram R$ 654 mil, em uma vitória judicial inédita.