Google pode criar “big brother” com navegação de usuários

O advogado Guilherme Varella disse que a companhia de buscas pode fazer monitorar a navegação dos usuários

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De acordo com ele, a padronização do sistema de privacidade, que agrega dezenas de serviços do Google, implica que será muito mais fácil para a companhia fazer uma espécie de "big brother" com o usuário que estiver logado no serviço. ?A unificação das políticas de privacidade dos diferente serviços da empresa significa a possibilidade de cruzamos de dados do consumidor?, argumentou o advogado.

Em audiência pública sobre a nova política de privacidade do Google realizada nesta quarta-feira (11) na Câmera dos Deputados, em Brasília, Guilherme Varella, advogado do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), disse que a companhia de buscas pode criar um sistema de monitoramento de navegação dos usuários, identificando o seu comportamento, preferências e atitudes na rede.

Sobre o fato de o Google guardar informações, Varella ainda colocou em dúvida a segurança dos dados de usuários dos serviços da companhia. ?Qual a garantia de que o usuário estará seguro sobre o que ele fornece à empresa se não existe uma lei sobre isso ou uma autoridade para garantir??. O advogado ainda criticou o fato de o Marco Civil da internet, conjunto de leis que regularia o assunto, ainda não ter sido aprovado.

Por outro lado, o Google, representado por Marcel Leonardi, diretor de políticas públicas e relações governamentais da companhia, informou que a companhia não vende informações. "O modelo de negócio Google não é vender dados de usuários", disse. Além disso, ele disse que o usuário pode optar em não ser monitorado. ?A escolha e o controle das informações podem ser feitas pelo usuário. Todos os dados estão disponíveis no painel de controle do Google.?

Durante a discussão, uma das conclusões dos participantes da audiência foi que era necessário haver uma educação dos usuários para a privacidade e que as empresas deveriam se esforçar. ?A linguagem é, em geral, inacessível ao consumidor?, reclamou Varella.

Outro ponto discutido relacionado ao Google é o fato de a companhia oferecer publicidade direcionada em função do conteúdo do usuário. Por exemplo, se um usuário trocou e-mails com um amigo sobre intercâmbio, é provável que o serviço Gmail passe a mostrar anúncios de empresas que atuam nesta área.

Os especialistas que discutiam o caso chamaram esse tipo de ação do Google de ?neuromarketing?. Segundo Danilo Doneta, do DPDC (Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor), esse tipo de estratégia atinge o consumidor fora da linha de consciência, o que é proibido pelo Código de Defesa do Consumidor.

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