O aplicativo Snapchat se tornou popular por permitir o envio de fotos que se autodestroem automaticamente, mas tem falhas que expõem seus usuários a vazamentos.
O que diferencia o Snapchat dos demais aplicativos de mensagens é que o conteúdo trocado entre usuários só pode ser visto uma vez e por um tempo limitado --que é determinado pelo remetente e pode ser de até 10 segundos.
Depois desse período, a foto, o vídeo ou a mensagem de texto enviados ficam inacessíveis e são excluídas do celular.
Vários aplicativos desenvolvidos por terceiros, entretanto, ajudam a burlar o sistema e salvar as fotos permanentemente.
O último deles é o Snaphack, que pode ser comprado por US$ 1,99 na App Store da Apple. Lançado no último domingo (13), ele levou dois dias para chegar à quarta posição dos apps mais baixados da categoria "redes sociais" --hoje está na 13ª.
E ele não é o único que faz isso. Snap Save, Grab Snaps e SnapCapture são alguns das dezenas de exemplos de aplicativos que destroem a pretensa efemeridade do Snapchat.
Os desenvolvedores do aplicativo negam que as iniciativas exponham falhas de segurança do software.
"Não é difícil salvar imagens que você envia ou recebe com o Snapchat. A maneira mais fácil é tirar um screenshot, mas também há aplicativo de terceiros --e, claro, outras câmeras, que podem ser usadas para gravar os snaps", disse um representante da empresa por e-mail à Folha.
De qualquer forma, basta uma busca rápida na internet para constatar a profusão de sites com imagens de usuários em situações íntimas ou constrangedoras, como a página do Facebook "Embarassing Snapchat Leaks" (vazamentos embaraçosos do Snapchat, em português), que tem pouco mais de 47 mil seguidores.
Em junho, um equivalente brasileiro chamado Snapchat Vazou estreou. Até a publicação desta reportagem, o autor da página não havia respondido ao contato da Folha.
Como o Snapchat promete privacidade, seu uso é frequentemente associado ao "sexting", palavra em inglês para a prática de trocar mensagens e fotos com conotação sexual.
Em maio deste ano, o Epic (sigla em inglês para Centro de Informação de Privacidade Eletrônica), entidade americana que defende a privacidade on-line, encaminhou uma solicitação à Comissão Federal de Comércio dos EUA para que o Snapchat fosse investigado.
Segundo a organização, o aplicativo "incentiva usuários a compartilharem fotos e vídeos íntimos" e alegar falsamente que o conteúdo publicado na rede social desaparece para sempre.
MAIS PROBLEMAS
Os vazamentos não são o primeiro problema com privacidade que o Snapchat enfrentou.
Em 2012, sites de tecnologia notaram que o aplicativo mantinha um perfil público de todos os seus usuários. A página poderia ser acessada de qualquer navegador e expunha quais as pessoas com que o usuário mais trocava mensagens.
Depois das reportagens relatando o problema, os perfis se tornaram inacessíveis.