Os usuários brasileiros ganharam uma nova opção de rede social. Trata-se do CristaoBook - uma espécie de Facebook, só que a partir de uma perspectiva cristã da vida. Ele não se resume a isso, no entanto. De acordo com o criador e dono do site, o web designer carioca e evangélico Armando Louder, o viés religioso não define o CristaoBook. "Ele é muito mais do que isso. Ele é um ambiente saudável e organizado para todos os tipos de discussão", afirmou ao Terra, antes de complementar: "tendo em mente que o tema central é Jesus".
Com "todos os tipos de discussão", Armando se refere inclusive a questões pouco apreciadas pela ótica cristã da realidade, como o casamento homossexual e a legalização da maconha e do aborto, por exemplo. "Eu acho superválido e bacana que exista a discussão. O que importa é a intenção com que determinadas exposições são feitas. Se for com seriedade, não tem por que não acontecer", exemplificou Armando, ao afirmar que, devido à própria experiência com o Facebook, ele sentiu a necessidade de criar um ambiente "sério" que abarcasse as discussões das pessoas que, cada vez mais, estão buscando um tipo de espiritualidade na vida.
A rede social tem 15 dias de existência e mais de 5 mil usuários cadastrados. A média de entrada diária é de 200 pessoas, mas cerca de 20% dos novos seguidores do site são, na verdade, perfis falsos que têm a intenção de "desorganizar" os rumos do CristaoBook, segundo dados do próprio site. A estrutura ainda é pequena: até agora, foram gastos R$ 1,5 mil em recursos próprios, com dois processadores Intel L5630, 48 GB de memória RAM e um novo servidor, adquirido nos últimos dias. "Em 3 meses, vamos multiplicar o número de usuários. Por isso, precisamos crescer", previu.
Para alcançar a almejada organização, o criador do site aposta na presença de "vigias", que nada mais são do que moderadores que guiam as conversas. Não existe, porém, a intenção de censurar conteúdo. "Não chegaríamos ao ponto de influenciar alguém ou mudar os rumos de uma discussão de forma impositiva", disse. Para isso, a rede social pretende criar aplicativos que, cada vez mais, consigam dar conta de bloquear palavrões e ofensas não somente à fé cristã, mas, principalmente, quando um usuário agir de forma ofensiva com outros. Atualmente, o site conta com somente dois moderadores: o próprio dono e a mulher dele, parceira também de negócios.
Questionado se o CristaoBook recebeu a benção de Mark Zuckerberg, do Facebook, Armando foi honesto: "na verdade, eu nem sei se eles sabem da nossa existência. Eu não fui atrás para pedir autorização". O Terra fez o contato e confirmou a suspeita do dono do CristaoBook. A assessoria do Facebook no Brasil afirmou que iria checar o novo site, do qual não tinha conhecimento, antes de ter qualquer posicionamento ou tomar alguma atitude.
Imagina-se que a medida mais drástica seria o pedido de retirada do CristaoBook do ar. E não por Zuckerberg não ser religioso - até mesmo porque não se sabe a inclinação da fé do CEO - mas porque o CristaoBook usa, além de parte do nome "Facebook", o mesmo layout, cores e gerenciamento da rede social com o maior número de usuários do planeta.
Apesar do sucesso e de ser um bom negócio a existência de um "Facebook" cristão em um País em que a fé cristã é altamente difundida, não há um objetivo de lucro - pelo menos por enquanto. "Ainda não vieram nos procurar para fazer acordos de publicidade. Alguns ministérios de louvor entraram em contato para saber se poderiam usar o espaço para divulgar livros, músicas e encontros", falou Armando. Antes de pensar no futuro - e no dinheiro -, o dono do CristaoBook quer cultivar a experiência de comunhão em um ambiente aberto às diferentes discussões, todas sob o olhar de Jesus, para fidelizar o público. "Eu ainda acho que com boas ideias e boas palavras, nós alcançamos boas soluções".