Com 40 milhões de usuários de internet - sendo 63% deles com idade entre 15 e 35 anos -, o Brasil vem se mostrando um dos mais promissores mercados do mundo para sites de relacionamento. Não é a toa que a americana eHarmony escolheu o País para inaugurar sua primeira filial de língua não-inglesa. "Já temos milhares de usuários brasileiros em dois meses de operação", afirma Stanlei Bellan, diretor geral da eHarmony Brasil.
Uma pesquisa internacional realizada pela Universidade de Oxford revela que os brasileiros são os mais propensos a encontrar alguém que conheceram online. Dos entrevistados, 83% afirmaram ter conhecido offline alguém que encontraram pela primeira vez online.
Segundo Bellan, o que atraiu a eHarmony foi a estabilidade econômica e o número grande de usuários de internet. "Os jovens brasileiros cresceram inseridos na cultura digital. Para eles é normal se relacionar com amigos, familiares e parceiros na internet". Um exemplo disso é que o Brasil já é um dos maiores consumidores mundiais de redes sociais, em especial o Orkut.
Os noivos Francielli, 23, e Maycon, 26, de São Paulo, afirmam que as pessoas já não reagem com surpresa quando contam como se conheceram. "Algumas pesoas mais velhas não entendem como a gente pode ter começado um relacionamento assim, mas aos poucos vêm aceitando melhor", diz Francielli. Eles se encontraram em um site de relacionamentos em janeiro de 2008 e estão de casamento marcado para o dia 30 de abril. Ela estava cansada das baladas, onde os relacionamentos acontecem de forma rápida e impessoal. Ele estava estudando e trabalhando e não tinha tempo para sair e conhecer pessoas. Ambos venceram o preconceito de procurar alguém na internet e hoje recomendam para todos os amigos. "Eu indico para todas as minhas amigas e muitas já são cadastradas", diz Francielli.
No Brasil, um dos primeiros sites de relacionamento a surgir foi o Almas Gêmeas, no Terra. Mais tarde associado ao Match.com, o Almas Gêmeas proporcionou a união de diversos casais - e segue na ativa, oferecendo mais de 15 milhões de fotos e perfis e cerca de 60 mil novos integrantes por dia. "Nos conhecemos na internet, no Almas Gêmeas, em 2001. Trocamos e-mails, depois nos falamos pelo celular, marcamos um encontro e seguimos juntas até hoje", conta a redatora Maria Weber, 36. Ela e a companheira Suzana dizem que, na época, havia um ar de "novidade" em buscar parceiros pela rede - e também algum preconceito em relação às pessoas que o faziam. "Mas é apenas mais uma maneira de encontrar gente nova - amigos, parceiros comerciais, companhias para determinadas atividades e, por que não?, alguém para namorar", afirma Maria.
Para Claudio Gandelman, presidente do ParPerfeito, outro pioneiro há 11 anos no mercado brasileiro, o site de namoro "é um serviço para quem não tem tempo para sair à noite - e muitos jovens hoje têm dificuldade porque os estudos são muito demandantes". E a concorrência, para ele, não prejudica. "Na verdade pode até ajudar, porque quanto mais este tipo de serviço é oferecido, mais gente se acostuma com ele, fica mais divulgado e mais pessoas aderem".