Executivo da HP: Brasil descobriu cartuchos originais com a dor

“O brasileiro gosta de tecnologia”, disse vice-presidente do grupo imagem e impressão da HP

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O Brasil é realmente a bola da vez. Mesmo a Hewlett-Packard (HP), que enfrenta sérios problemas na sua terra natal, os Estados Unidos - uma troca de CEO em um ano e o fim da produção de seu tablet, entre vários outros em escala mundial - vive um bom momento no País, com perspectivas de crescimento no mercado de impressão e, especialmente, no de suprimentos. Foi o que disse Fernando Lewis, vice-presidente do grupo Imagem e Impressão da HP, em São Paulo, que na ocasião explicou ao Terra o porquê desse interesse.

Lewis, que é brasileiro natural do Rio Grande do Sul e está há mais de duas décadas na HP, afirma que o brasileiro aprendeu "com a dor" a deixar os cartuchos remanofaturados e refis de lado. "Muita gente acha que refilando o cartucho está sendo ambientalmente correto. E é exatamente isso que não deve ser feito em função do material tóxico, pois a tinta utilizada nesses suprimentos não tem nenhuma qualidade, estraga a impressora. Eu tinha um amigo que dizia: ou você aprende pelo amor ou pela dor, no Brasil a gente está aprendendo pela dor". O problema, segundo ele, não é brasileiro, é antes uma característica de países emergentes, "onde o nível de comunicação ainda é baixo, a renda per capita é baixa e as pessoas tende a ir para o que é mais barato, não é o que mais eficiente". Atualmente, a HP oferece cartuchos a partir de R$ 24,90, um preço bem mais acessível do que em anos anteriores.

De volta ao Brasil há pouco mais de três anos após ocupar diferentes cargos ligados à matriz e pelo mesmo tempo vice-presidente do grupo Imagem e Impressão da HP, Lewis disse que desde então vem trabalhando o negócio de suprimentos - como cartuchos - de uma forma mais consistente, estruturada, por meio de uma série de ações para que a empresa cresça cada vez mais nesse mercado. Um dos desafios que vem sendo ultrapassado pela HP é em relação à "consciência do preço" por parte do brasileiro.

"Temos que mostrar para as pessoas que o cartucho original não é mais tão caro, que ele está compatível com preço do mercado, mostrar o valor do produto, porque quando você compra um cartucho, não está comprando só um cartucho, você está comprando atrás um valor, o valor da qualidade, da garantia do produto, da procedência, os investimentos que estão por trás de um produto original. E não me refiro só ao cartucho, mas a um produto original que tem por trás grandes investimentos em pesquisa e desenvolvimento, em desenvolvimento de mercado, impostos, que é outra coisa importante no Brasil, emprego legal, formal. Tudo isso é parte da estratégia de mostrar para o consumidor a importância de usar um cartucho original ao invés de usar um refil ou um "remano" remanofaturado", disse o vice-presidente.

Otimista, Lewis quer chegar a 75% do mercado de suprimentos no Brasil em 2015. Atualmente, a HP tem 51%, mas vem crescendo 4 a 5 pontos por ano, número que, de acordo com ele, é altíssimo. O executivo sabe, no entanto, que mudar uma cultura é um processo, mas que associando o crescimento do Brasil como um todo com a possibilidade de trabalhar essa conscientização de que o original faz mais sentido, o País torna-se ainda mais estratégico para a HP. Lewis acredita que o jeitinho brasileiro, no sentido negativo, de quem quer tirar vantagem, está acabando, e muito graças aos jovens, de todas as classes sociais, que chegam ao mercado com consciência ambiental.

"Essa classe ascendente, em desenvolvimento, está vindo com educação, está vindo sabendo da importância do bem coletivo. Acho que é por isso que o Brasil está nessa situação confortável, não sei se confortável, mas positiva de crescimento em relação aos outros países, mesmo em relação aos emergentes - com exceção da China -, mesmo com as crises, porque essa juventude de hoje está vindo muito mais consciente", justificou ele.

O vice-presidente do grupo imagem e impressão da HP exemplifica sua crença no brasileiro com um exemplo da própria Hewlett-Packard. "O brasileiro gosta de tecnologia. Essa tecnologia látex presente em algumas tintas - que garante baixa agressão ao meio ambiente e até mesmo aos operadores das máquinas - tem um ano e meio no Brasil e já representa 40% de market share, quando nós temos 80% de parcela de mercado. Isso mostra o que? Que o brasileiro quer fazer a coisa certa, ele está atrás de coisas economicamente mais viáveis, sustentáveis, isso é muito legal", concluiu o executivo da HP.

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