Apesar de ter apenas um terço dos usuários do Orkut, o Facebook vem crescendo em um ritmo constante e conquistando o mundo da publicidade
Apesar de contar com menos usuários do que o Orkut no Brasil, país em que 38 milhões de pessoas acessam a web de casa ou do trabalho por mês, o Facebook vem crescendo devagar, mas sem parar.
Dados da empresa Ibope Nielsen Online indicam que, de maio de 2009 a abril deste ano, o percentual de usuários brasileiros do Facebook cresceu quase quatro vezes, de 7,9% para 26%. Nesse período, o Orkut se manteve estável, em torno dos 70% de usuários.
Enquanto isso, lá fora o Facebook está no em primeiro lugar na lista dos mil sites mais acessados no mundo, divulgada nesta sexta-feira (28) pelo Google.
A rede social teve 540 mil visitas únicas, o que representa um alcance global de 35,2%, e 570 bilhões de acessos em abril. José Calazans, analista do Ibope Nielsen Online, aponta diferenças entre os hábitos dos brasileiros e dos outros internautas.
- No Brasil, o Facebook tem apresentado um crescimento diferente da Europa e dos Estados Unidos, onde é a rede social mais acessada. Mas tem mantido um crescimento mensal constante entre 10% e 15%.
Especialistas consultados pelo R7 citaram diversas razões para o Facebook ainda não ter explodido no país. Segundo Edney Souza, diretor de operações da Pólvora, agência digital focada em estratégias em mídias sociais, além da barreira da língua, no começo o Facebook só atraiu usuários que tinham amigos no exterior, eram fãs de tecnologia (como gente de tecnologia da informação e comunicação) ou queriam participar de jogos sociais, como o Mafia Wars.
- Um dos motivos que fez muita gente preferir o Orkut foi que a Mentez, criadora do Colheita Feliz, lançou o jogo na rede social do Google, e hoje já tem mais de 21 milhões de usuários. Se a empresa tivesse lançado o jogo em português hoje o Facebook teria muito mais do que seus 3,6 milhões de usuários.
Orkut é líder, mas não para sempre
Para Jairson Vitorino, diretor de tecnologia da E.life, que monitora redes sociais para empresas, apesar de o Facebook ser uma plataforma superior ao Orkut, tomar a liderança no país em redes sociais é uma tarefa difícil, mas não impossível. Vitorino cita como exemplos o Gmail, que está cada vez mais perto do Hotmail, e o próprio Google, que ultrapassou buscadores que já foram líderes, como o Altavista e o Yahoo!.
- Acredito que nos próximos 12 meses o Facebook deverá se aproximar do Orkut. Há um ano, eu recebia um convite por mês para participar da rede. Hoje, quase todo dia recebo um.
A E.life usa aplicativos na área de atendimento ao consumidor tanto para o Orkut quanto para o Facebook. Mas, enquanto a plataforma criada por Mark Zuckerberg atrai cada vez mais desenvolvedores e ganha valor, a do Google não pegou. Vitorino explica que, se o Google continuar empurrando o Orkut com a barriga, ?não conseguirá manter a liderança?.
- Se o iPhone não evoluir, a Nokia volta. Por isso, o Orkut precisa correr para manter seu lugar.
Para a analista de mídias sociais da agência de marketing e publicidade online Media Contacts, Kelli Lima, o Facebook oferece mais possibilidades de interação do que o Orkut.
Kelli conta que o usuário do Facebook é mais participativo do que o da rede social do Google, que é mais observador.
Ela explica que, além de permitir mais recursos interativos para o usuário - como, por exemplo, os botões de "curti" e não curti, as atualizações, e o campo para notas - o Facebook é uma plataforma mais madura, que oferece mais informações sobre a audiência de uma campanha online.
- Em relação às métricas, ele é muito melhor: informa quantos cliques, quantas pessoas visualizaram. Com o Orkut não tem como.
Kelli diz que as redes sociais ?não são uma moda" e "vieram para ficar?. Ela explica que esses sites mudaram a forma de fazer publicidade, permitindo às pessoas dizerem se gostaram desse ou daquele produto. O que tornou o relacionamento entre as empresas e seus consumidores cada vez mais próximo.
Para o especialista da E.life, embora redes como o Foursquare, que une jogos com a geolocalização estejam fazendo sucesso em países como Espanha e Portugal, ele diz que como ?o brasileiro é paranoico por causa da extrema violência? talvez essa febre não pegue por aqui.