Os EUA esperam hoje lançar um novo robô para Marte, para recolher amostras de rocha que só vão ser enviadas para estudo para a Terra em 2031, dez anos após a máquina aterrizar no 'Planeta Vermelho. O lançamento será feito, a bordo de um foguete Atlas V, da base espacial norte-americana de Cabo Canaveral, na Florida, às 08:50 (horário de Brasília). A notícia é do site Notícias ao Minuto.
Se por razões técnicas ou meteorológicas o lançamento for abortado, a janela de oportunidade mantém-se aberta, diariamente, até 15 de agosto.
Trata-se da primeira missão que pretende recolher amostras de rocha, solo e poeira de Marte com destino à Terra, sendo liderada pela agência espacial norte-americana NASA, que já enviou outros robôs exploratórios para o planeta, mas com outros fins.
A ser bem-sucedido o lançamento, o robot Perseverance (Perseverança) tocará a superfície do "planeta vermelho" cerca de sete meses depois, em 18 de fevereiro de 2021, mais concretamente a cratera Jezero, onde terá existido um lago há 3,5 mil milhões de anos e um delta (foz de rio).
O local de chegada é, por isso, considerado propício para a procura de sinais (bioquímicos) de vida microscópica passada em Marte, um dos objetivos da missão Mars 2020 Perseverance, uma vez que as moléculas orgânicas são muito bem preservadas por sedimentos de lagos e deltas.
Juntamente com o robo Perseverance, do tamanho de um carro, mas que tem seis rodas, um braço robótico, uma broca e vários instrumentos científicos, seguem os nomes de cerca de 11 milhões de pessoas de todo o mundo, registrados em três 'microchips', e um engenho voador, semelhante a um minúsculo helicóptero, que irá testar um voo controlado em outro planeta.
O veículo robótico, que deve o seu nome a um estudante do Estado da Virgínia, tem na sua "bagagem" amostras de tecido das roupas espaciais, que serão testadas aos efeitos da radiação, e instrumentos que permitem caracterizar o clima e a geologia do planeta e validar um método de produzir oxigênio a partir da sua atmosfera, rica em dióxido de carbono.
Para a NASA, a missão Mars 2020 Perseverance pode, assim, ajudar a desbravar o caminho para o envio de astronautas para a superfície de Marte, uma ambição que os EUA pretendem concretizar (e que o ex-Presidente Barack Obama chegou a admitir como sendo uma realidade na década de 2030) após conseguirem ter novamente astronautas na Lua (a primeira missão tripulada de regresso à Lua, depois da última em 1972, está prevista para 2024).
O robo Perseverance, equipado com câmeras e microfones, que permitem fornecer imagens e sons da sua chegada e do seu trabalho em Marte, irá explorar o planeta durante aproximadamente dois anos, estando apto a recolher até 500 gramas de amostras de rocha, solo e poeira que se revelarem mais promissoras para a pesquisa de vestígios de vida.
As amostras serão acondicionadas pelo veículo em dezenas de tubos selados e "limpos" de contaminantes da Terra, podendo cada um guardar 15 gramas de sedimentos ou pedaços de rocha. Os tubos serão depois escondidos no solo marciano, em locais estrategicamente escolhidos.
Será preciso, no entanto, esperar por 2031 para que as amostras sejam enviadas para a Terra para serem analisadas pelos cientistas.
Uma nova missão, em que a NASA terá como parceira a Agência Espacial Europeia (ESA), tem início previsto para julho de 2026 com o lançamento para Marte de um segundo veículo robótico, que vai recuperar os tubos das amostras recolhidas pelo robot Perseverance.
A Mars 2020 Sample Return (Retorno de Amostra) é a missão que completa a Mars 2020 Perseverance e a mais complexa e demorada.
Depois de recuperadas pelo novo robo, que só chegará a Marte em agosto de 2028, mais tarde do que o tempo exigido para evitar as tempestades de poeira, as amostras terão que sair da superfície do planeta num recipiente transportado por um pequeno foguete antes de serem capturadas por uma sonda colocada na órbita de Marte.
A viagem de regresso da sonda - fabricada na europa, tal como o robo - à Terra está prevista apenas para 2031. Na aproximação ao 'Planeta Azul', o aparelho libertará uma cápsula que contém as amostras marcianas, que já chegarão em solo americano em 2032, de acordo com os prazos estimados.
Na superfície de Marte funcionam atualmente dois objetos exploratórios, ambos operados pela NASA: o Curiosity, um veículo robótico com um laboratório que analisa localmente amostras de solo e rocha para aferir se Marte teve condições para albergar vida microbiana, e o InSight, uma sonda equipada com uma broca e um sismógrafo para estudar o interior do planeta.
Apesar de inóspito, Marte é considerado o planeta do Sistema Solar mais parecido com a Terra. Estruturas geológicas demonstram que, há muito tempo, água líquida, elemento fundamental para a vida tal como se conhece, abundava na superfície do 'Planeta Vermelho'.
Segundo os cientistas, o planeta teve, no passado, um oceano maior do que o Ártico. Estudos apontam, com base em observações feitas em órbita e na superfície, para a presença de água líquida salgada e gelada em Marte.