Nascido na Motorola, o Project Ara ficou no Google mesmo após a negociação com a Lenovo, e já começa a gerar seus primeiros frutos. A dona do Android realizará a primeira conferência dedicada ao smartphone modular em abril, e planeja lançar o primeiro aparelho já em 2015. O preço deverá ser atrativo, ao menos para a versão só com Wi-Fi: US$ 50 (cerca de R$ 120).
O Project Ara pretende criar uma tecnologia de smartphone que possa ser montado em partes, de modo que o próprio usuário possa incrementar o aparelho conforme suas necessidades ? câmera com melhor resolução, processador mais potente, sensores de digitais e batimentos cardíacos, entre outros componentes opcionais.
Ao mesmo tempo, o projeto pretende criar smartphones baratos o bastante para serem vendidos em países ainda de fora do mercado central de tecnologia móvel. Segundo Google, o número pessoas que ainda não têm um smartphone chega a 5 bilhões, por isso a busca por um preço baixo.
A Divisão de Tecnologias e Projetos Avançados, agora detida pelo Google, já tem um protótipo em funcionamento, mas precisa da ajuda dos desenvolvedores para a criação de software dedicados ao aparelho. Para isso, serão três conferências Ara ainda em 2014, começando em abril e terminando no final do ano.
Desafios em torno do projeto
Mesmo que o Google disponha de muitos recursos, há grandes questões em torno do smartphone modular. ?A pergunta é: podemos fazer pelo hardware o que Android e outras plataformas têm feito por software??, questiona o líder do projeto Paul Eremenko. Afinal, o Project Ara teria que atrair milhares de fabricantes, da mesma maneira que o Android fez com desenvolvedores de apps.
Uma das barreiras para o produto se tornar realidade está em órgãos regulatórios, como a FCC, uma espécie de Anatel dos Estados Unidos. Como o trabalho da entidade é examinar e autorizar cada aparelho que é comercializado no país, um smartphone completamente personalizável tornaria a tarefa de homologação inviável.
Porém, por enquanto parece haver apoio do governo. ?Eles veem isso como bom para a indústria norte-americana. É uma forma de favorecer a vantagem competitiva por inovação em vez de fazer o mesmo telefone alguns dólares mais barato?, disse Eremenko.
Soluções em vista
Para tornar o processo menos custoso e mais acessível, a ideia é que o smartphone modular tenha várias peças fabricadas com impressoras 3D, tornando-se um verdadeiro projeto de hardware livre ? assim, qualquer fabricante pequeno poderia desenvolver suas próprias peças e vendê-las separadamente.
O Google está dedicado a tornar o projeto realidade. Segundo os bastidores, até o próximo ano o Project Ara já terá seu primeiro produto no mercado, apesar de, possivelmente, funcionar como o Google Glass em um primeiro momento: só para um grupo de poucos privilegiados. É esperar para ver.