O que perde um aplicativo, ganha o outro.
A indignação contra as mudanças na política de privacidade do Instagram, divulgadas na segunda (17) ajudou um punhado de serviços de compartilhamento de imagens a angariar tráfego e novos usuários sem precedentes.
O Pheed, um app parecido com o Instagram que dá a opção para seus usuários de comercializar seu conteúdo --cobrando seguidores para ver suas postagens--, ganhou mais novos usuários do que qualquer outro app nos EUA. Na quinta pela manhã, o Pheed já tinha se tornado o nono aplicativo de redes sociais mais baixado na App Store, uma posição à frente do LinkedIn.
O executivo-chefe do Pheed, O. D. Kobo, disse que as assinaturas no serviço haviam quadruplicado nesta semana e que nas últimas 24 horas os usuários haviam enviado 300 mil arquivos para o app --mais uploads que em qualquer outro período de 24 horas desde a estreia do Pheed, que aconteceu há seis semanas.
Em resposta às reclamações dos usuários, o Instagram anunciou no final da quinta-feira que reverteria os novos termos de serviço a seu texto original.
DECOLAGEM
Àquele momento, os apps concorrentes já tinham ganhado força. Outro beneficiado foi o Flickr, o serviço de compartilhamento do Yahoo, que reformulou seu app na última semana para tornar a exibição de imagens no Twitter mais simples --da exata maneira que foi abandonada pelo Instagram.
No dia que antecedeu o do anúncio das mudanças nos termos de serviço do Instagram, o Twitter estava por volta da 175ª posição no ranking geral da App Store. Desde então, o aplicativo foi alçado à casa dos 20 mais bem colocados.
Florian Meissner, um dos fundadores do EyeEm, disse que ele também começou a perceber um aumento no fluxo de novos usuários assim que o Instagram anunciou o fim da integração com o Twitter.
Mas o uso realmente decolou na terça, depois de o Instagram lançar seus novos termos de serviço. Meissner não disse quantas pessoas migraram para o app, mas disse que o número de novas contas diárias haviam crescido 1.000% e que continuavam a acelerar.
DECEPCIONADOS
A Starmatic, uma start-up com influência da câmera da Kodak com o mesmo nome, também disse que o volume de fotografias que tem recebido por meio de seu app chegou a seu pico nesta semana.
"A Starmatic se beneficiou do estardalhaço e de "Instagrammers" decepcionados", disse Jean-Philippe Evort, um dos fundadores da companhia, em um e-mail.
Parker Emmott, cofundador do Waddle, serviço de capital fechado para compartilhamento de fotos, disse que a companhia não havia atualizado ou feito marketing de seu aplicativo desde o começo de agosto, mas percebeu um inesperado aumento no uso nesta semana.
"Todos querem privacidade e controle, mas ninguém quer fazer qualquer esforço extra para consegui-los", disse Emmott. "As mudanças do Instagram parecem ter ajudado a aumentar os limites da privacidade."
PROVOCAÇÃO
Alguns apps de foto alvejaram diretamente o Instagram. O Camera+, app de filtros fotográficos, chegou ao ponto de incluir uma referência crítica e com tema natalino sobre os tropeços do Instagram em uma atualização de seu aplicativo na quarta-feira.
"Nunca vamos fazer coisas obscuras com suas fotos compartilhadas, simplesmente porque isso é errado", dizia a atualização. "Feliz Natal para todos vocês, e boa noite!"
O Camera+ permite que usuários apliquem filtros às fotografias e as compartilhem em outras plataformas, incluindo o Instagram. Mas John Casasanta, um dos diretores da Tap Tap Tap, empresa que é dona do Camera+, disse que estava planejando incorporar o compartilhamento como uma das funcionalidades do app.
Quando houver tal capacidade, disse Casasanta, o Camera+ não irá vender dados dos usuários ou exibir anúncios, mas continuaria cobrando uma pequena taxa --atualmente US$ 0,99-- para quem quiser usar funcionalidades extras. Casasanta disse que esse modelo tem funcionado bem e que, na próxima semana, seu app deve chegar à venda de número 10 milhões.
MOVIMENTO MIGRATÓRIO
Obviamente, a maior parte desses serviços ainda é minúscula quando comparada ao Instagram, que diz ter mais de 100 milhões de usuários, responsáveis por cerca de 5 bilhões de imagens usando o serviço.
E não está claro se os recentes migrantes deletaram as contas no Instagram e estão apenas experimentando outros serviços. Mas o êxodo, seja ele temporário ou perene, é um lembrete de quão volátil é o sucesso e de que a queda pode ser tão rápida quanto a ascensão.
O Facebook e o Instagram recusaram-se a dizer se houve número significante de eliminação de contas, ou se estavam preocupados em perder participação para seus concorrentes.