O uso de novas tecnologias é uma das apostas em tratamentos contra o câncer, em Goiânia. Procedimentos com 3D e aparelho IMRT (Intensidade modulada radioterapia) estão entre os avanços que possibilitam uma ação mais efetiva contra a doença, que vem aumentando no Brasil segundo dados divulgados esta semana pelo Ministério da Saúde.
Para a radioterapeuta Luciana Peclat de Paula, o equipamento IMRT é um dos avanços na radioterapia. "É como se a gente moldasse o feixe de radiação de modo a atingir o volume a ser tratado. A gente consegue uma dose maior no tumor e uma dose menor no que está em volta", explica. Segundo a especialista, a tecnologia diminui o efeito colateral e aumenta a eficácia do tratamento.
A radioterapia conformacional tridimensional, também chamada de 3D, tem sido outra aliada em tratamentos contra o câncer na capital. De acordo com Luciana Peclat, ela usa um exame de tomografia para ter maior precisão da localização do tumor, permitindo que o feixe de raios formado por um acelerador linear atinja o local exato, com doses precisas de radiação.
Apesar dos avanços técnicos, um ponto importante para o sucesso do tratamento, segundo a oncologista clínica Maria Márcia de Queiroz, é o diagnóstico precoce. "Devemos procurar um médico com qualquer sintoma diferente que se apresente com persistência, como rouquidão ou diarréia. O paciente não deve ter medo do diagnóstico. A descoberta de um câncer não significa uma sentença de morte. É preciso enfrentar a doença", alertou.
Caminhada
Com o objetivo de divulgar a importância da prevenção e mostrar as técnicas de tratamento contra o câncer, profissionais do Centro Brasileiro de Radioterapia, Oncologia e Mastologia (Cebrom) realizam neste sábado (30) a 4ª Caminhada do Dia Nacional de Combate ao Câncer, celebrado no dia 27 de novembro. O evento está marcado para as 9 horas, no Parque Vaca Brava, no setor Bueno.
Voluntária do Centro de Amigos da Mama (Ceama), do Cebrom, e uma das idealizadoras da caminhada, a empresária Valéria Passos Rodrigues, 46 anos, disse que levará toda a família para o evento neste sábado. O objetivo, segundo ela, é contribuir para conscientização e combater o preconceito que ainda existe em torno da doença.
Valéria fala com a propriedade de quem se considera curada de um câncer de mama. Ela descobriu um caroço no seio por meio de um autoexame, há 4 anos. Rapidamente, realizou uma biópsia e viu que se tratava de um nódulo maligno. Ela retirou parte da mama, enfrentou 26 sessões de quimioterapia, 30 de radioterapia, e hoje diz que se prepara para "divorciar" do mastologista que a acompanha.
Mesmo com o final do tratamento, ela pretende continuar como voluntária do Ceama. "Ainda há pessoas que tratam o câncer como um tabu, mas é preciso enfrentá-lo de peito aberto", afirma.
Pesquisa
O Ministério da Saúde (MS) divulgou na última quarta-feira (27), a pesquisa "Estimativa 2014 - Incidência de Câncer no Brasil", feita em parceria com o Instituto Nacional do Câncer José de Alencar (Inca). Segundo o estudo, o país deverá ter aproximadamente 580 mil novos casos da doença no próximo ano.
De acordo com a estimativa, os cânceres mais incidentes na população brasileira serão o de pele não melanoma (182 mil), próstata (69 mil); mama (57 mil); cólon e reto (33 mil), pulmão (27 mil) e estômago (20 mil). A publicação relaciona 19 tipos de câncer mais comuns, sendo 14 na população masculina e 17 na feminina.
Lançada a cada dois anos, a estimativa é a principal ferramenta de planejamento e gestão pública na área da oncologia. Segundo o ministério, ela dá subsídios para a execução de ações de prevenção, detecção precoce e oferta de tratamento.