Os Ultrabooks chegaram ao mercado no ano passado com um objetivo: unir o design refinado, a mobilidade e a autonomia de bateria de um tablet com o desempenho de um notebook tradicional. O Acer Aspire S3, um dos primeiros aparelhos a chegar ao Brasil, cumpre essas tarefas, algumas mais, outras menos, mas levando a portabilidade ao pé da letra.
O aparelho que testamos é um ultrabook "de entrada", com preço mais acessível, e por isso com configurações mais básicas do que os concorrentes: processador Core i3 de 1,4 GHz, 4 GB de RAM e 320 GB de HD. A meta dos ultrabooks é chegar a até nove horas de energia sem precisar plugar na tomada, mas os testes do aparelho da Acer levaram a uma autonomia de pouco menos de cinco horas, sempre com conexão Wi-Fi, navegação na web e consumo multimídia. A boa notícia é que a fonte, assim como o aparelho, é pequena e leve se comparada à dos notebooks tradicionais.
A escolha pelo uso de disco rígido, enquanto a maioria dos aparelhos da categoria usa memória flash, pode ser a responsável pela fraca autonomia de bateria. A memória flash, ou SSD, usada pela maior parte dos concorrentes, é mais rápida e consome menos energia - mas também é mais cara.
Design
Por fora, o ultrabook da Acer tem um design refinado: acabamento em metal, ultrafino (apenas 13 mm) e ultraleve (1,4 kg). Tamanho perfeito para quem precisa passar o dia todo com um notebook a tiracolo, não quer carregar peso e ainda reluta em trocar o PC pelo tablet. Ao abrir o aparelho, porém, a moldura da tela LED de 13 polegadas e o apoio para o braço com acabamento em plástico decepcionam um pouco em um aparelho que chegou para revolucionar o mercado de notebooks.
O tamanho, se por um lado dá mais mobilidade, por outro força o usuário a se acostumar com uma nova forma de trabalhar no PC. O design ultrafino faz com que as teclas percorram uma distância menor para baixo ao serem pressionadas, mas é um problema que se resolve com um pouco de prática. A digitação fica complicada mesmo é pela distância entre as teclas e pelo tamanho de algumas delas. Para economizar espaço, as teclas direcionais e o enter, por exemplo, ficaram bastante reduzidas. Algumas ganharam funções duplas, como os botões direcionais que, com uma combinação de teclas, também exercem os comandos de volume e brilho da tela.
Conectividade e desempenho
O foco em tornar o aparelho um dispositivo móvel de verdade fez a Acer desistir de uma entrada para cabo de rede. Portanto, sem uma conexão Wi-Fi por perto ou um modem 3G, nada de internet no Aspire S3. A conectividade, por sinal, é um ponto fraco do Ultrabook. O PC tem apenas duas entradas USB, leitor de cartão de memória e uma porta HDMI. Quem procura por portas mais velozes, como a Thunderbolt ou USB 3.0, não vai encontrar.
Quem acha que vai ter um desempenho "ultra" no ultrabook da Acer também pode ficar um pouco decepcionado. O Aspire S3 com Core i3 é um ótimo aparelho para quem quer executar as tarefas mais básicas do dia a dia, mas quem procura por configurações mais robustas vai ter que ir atrás de versões mais caras pelo mercado, tanto da Acer quanto de outras fabricantes.
Um outro destaque dos ultrabooks é a velocidade para que o aparelho acorde do seu estado de suspensão: cerca de oito segundos. Algumas marcas prometem um retorno mais veloz, de até quatro segundo, mas não foi o que se encontrou por aqui: o Acer S3 levou entre 10 e 12 segundos. A ideia é que os ultrabooks possam ficar suspensos e gastando um mínimo de energia durante dias, e retornem ao trabalho (e conectados) em poucos segundos, sempre que o usuário precisar.
Futuro
O conceito dos ultrabooks foi anunciado pela Intel em maio do ano passado. Grande aposta da indústria para reaquecer o mercado de PCs, que vem caindo em virtude da popularidade dos tablets, essa nova categoria de produto promete chamar a atenção para os próximos anos. A Intel estima que, até o fim deste ano, os ultrabooks sejam responsáveis por 40% dos notebooks vendidos.
Um fator a observar nos próximos meses é o preço. Mesmo o Aspire S3 com a configuração mais básica da Acer pode ser encontrado nas lojas por R$ 2.799, ainda salgado para o que a maioria das pessoas pretende gastar em um notebook. O que se deve levar em conta é que os ultrabooks fazem parte de uma categoria que está no mercado há menos de um ano (o MacBook Air, da Apple, mesmo que apresente caraterísticas de design e e de funcionalidadessemelhantes aos ultrabooks, e tenha inspirado muito o modelo da Intel, não entra oficialmente embaixo desse "guarda-chuva"), os preços devem ir caindo daqui pra frente.
Para ganhar o selo de ultrabook, os fabricantes precisam respeitar as especificações exigidas pela Intel, e essas especificações vão evoluindo nas próximas gerações do aparelho. Nessa fase inicial, todos os ultrabooks são equipados com o processador Sandy Bridge da Intel. O plano de desenvolvimento previsto pela empresa vai exigir que as novas gerações, pelo menos até 2013, acompanhem a evolução na arquitetura de processadores da companhia. Por isso, vale ficar de olho nas inovações que virão nos próximos anos, e ver se os ultrabooks conseguirão reaquecer o mercado de PCs ou até mesmo deixar netbooks e notebooks para trás.