WhatsApp lançará opção de grupo com milhares de usuários, após eleição

A empresa, porém, não promete segurar o lançamento das comunidades entre o segundo turno e a posse presidencial no Brasil

WhatsApp lançará opção de grupo com milhares de usuários, após eleição | Ascom
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PATRÍCIA CAMPOS MELLO

NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS)

O WhatsApp lança nesta quinta-feira (14) em estágio experimental um novo recurso chamado comunidades, que funcionará como um guarda-chuva abrigando vários grupos com milhares de usuários.

Na prática, trata-se de um grande grupo de grupos, que pode ter milhares de membros, com toda a comunicação criptografada. Hoje, cada grupo de WhatsApp tem, no máximo, 256 integrantes.

O recurso estará em teste com alguns usuários nos próximos meses.

O WhatsApp se comprometeu com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a não estrear as "comunidades" no Brasil antes do eventual segundo turno da eleição presidencial, marcado para 30 de outubro.

A empresa, porém, não promete segurar o lançamento das comunidades entre o segundo turno e a posse presidencial no Brasil.

Nos Estados Unidos, na eleição presidencial de 2020, grande parte da desinformação que culminou na invasão do Capitólio em 6 de janeiro circulou após a votação, principalmente pelo YouTube. No Brasil, o WhatsApp foi o principal veículo de desinformação política na eleição de 2018.

A empresa, porém, não promete segurar o lançamento das comunidades entre o segundo turno e a posse presidencial no Brasil. - Foto: Picabay

O público-alvo do novo recurso são escolas, empresas e moradores de prédios.

"Acreditamos que as comunidades tornarão mais fácil para um diretor de escola reunir todos os pais e responsáveis para compartilhar avisos importantes e criar grupos para turmas específicas e atividades extracurriculares ou voluntárias", afirma a empresa.

Mas não ficou claro como o WhatsApp impediria que as comunidades fossem usadas para fins de desinformação política ou sanitária. As comunidades funcionarão de forma semelhante aos aplicativos Slack e Discord.

Os administradores das comunidades terão a capacidade de mandar mensagens (denominadas avisos) para todos os milhares de membros da comunidade, como ocorre hoje com os canais do Telegram.

Os canais do aplicativo concorrente têm um número ilimitado de seguidores –o do presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, conta com 1,3 milhão de seguidores.

As comunidades, a princípio, teriam limite de 10 grupos com 256 integrantes cada um –ou seja, 2.560 usuários. Mas o WhatsApp estuda aumentar o número de integrantes em grupos para 512 e elevar a quantidade de grupos em cada comunidade.

Os administradores serão responsáveis por criar e gerenciar as Comunidades do WhatsApp, escolhendo quais grupos farão parte delas e criando novos grupos. Além disso, eles também poderão remover grupos e membros da comunidade.

Os usuários poderão denunciar abusos e bloquear contatos. Para entrar em um dos grupos de uma comunidade, bastará acessar um link enviado por um administrador.

Em 2019, o WhatsApp admitiu que disparos em massa, que são oferecidos por agências de marketing intermediárias e violam as regras de uso do aplicativo, foram usados na tentativa de manipular a eleição brasileira de 2018. O TSE depois proibiu a prática.

O aplicativo reduziu de 20 para 5 o número de possíveis encaminhamentos de cada mensagem, para diminuir a viralização de desinformação. Em 2020, durante a pandemia de Covid, o WhatsApp estabeleceu limite de um encaminhamento para mensagens mais populares.

Will Cathcart, presidente global do WhatsApp, disse à Folha de S.Paulo que as comunidades não serão um retrocesso no combate à desinformação.

Ele ressalta que as comunidades terão mecanismos para frear viralização –as mensagens que já foram encaminhadas só poderão ser encaminhadas novamente para um grupo de cada vez, ao invés de cinco grupos, que é o limite atual.

No entanto, como as comunidades potencialmente terão milhares de membros, que podem repassar mensagens para outros grupos de outras comunidades, há potencial de disseminação de informações falsas.

Todo o conteúdo das mensagens que circulam nas comunidades é criptografado de ponta-a-ponta, ou seja, apenas os usuários têm acesso a ele, a empresa não.

Mas o WhatsApp afirma que tem como banir membros e comunidades envolvidos, por exemplo, em distribuição de material de abuso sexual infantil ou a coordenação de violência ou tráfico de pessoas.

"Usaremos como base todas as informações não criptografadas disponíveis, como o nome e a descrição da Comunidade e as denúncias dos usuários, para tomar as medidas adequadas."

Além das comunidades, o WhatsApp lançará nos próximos dias inovações como a possibilidade de administradores dos grupos excluírem mensagens erradas ou problemáticas; um aumento do tamanho de arquivos que podem ser compartilhados, para até 2 gigabytes, e nova modalidade de reações com emojis.

Também nos próximos dias a empresa vai lançar as chamadas de voz com apenas um toque para até 32 pessoas. Futuramente, serão lançadas chamadas de vídeo no WhatsApp para 32 pessoas, uma concorrência direta ao Zoom.

"Vamos começar a implementar esse recurso gradativamente, mas espero que seja uma evolução importante para o WhatsApp e para a comunicação online em geral", afirmou Mark Zuckerberg, presidente-executivo da Meta, no blog da empresa.

"Da mesma forma que os feeds sociais pegaram a tecnologia básica por trás da internet e fizeram com que qualquer um pudesse encontrar pessoas e conteúdo online, acredito que as mensagens da comunidade vão pegar os protocolos básicos por trás das mensagens entre duas pessoas e ampliá-los para que você possa se comunicar mais facilmente com grupos de pessoas para fazer as coisas em conjunto."

O Brasil é o segundo maior mercado do WhatsApp, atrás da Índia. A empresa, no entanto, não divulga números atualizados de usuários –a última cifra era de "mais de 120 milhões" no Brasil, em 2019.

Segundo pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box de fevereiro deste ano, 99% dos entrevistados tinham WhatsApp instalado em seu celular, e 60% tinham o Telegram. Em janeiro de 2020, o Telegram estava instalado nos celulares de 27% dos entrevistados, e, em janeiro de 2021, em 45%.

O aplicativo baseado em Dubai ganhou milhões de usuários depois da repercussão negativa da nova política de privacidade do WhatsApp, em janeiro de 2021, que deixou usuários inseguros em relação ao compartilhamento de suas informações com o Facebook.

Em outubro de 2021, outro episódio impulsionou a base de usuários do Telegram –WhatsApp, Facebook e Instagram ficaram fora do ar várias horas.

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