Após o fim do período chuvoso, uma das características típicas do clima do Piauí é o predomínio do tempo mais seco nos meses seguintes. Essa ocorrência ocasionada pela diminuição da umidade relativa do ar facilita a propagação de incêndios e afeta a saúde da população.
Sônia Feitosa, meteorologista da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semar), aponta que o tempo ensolarado e seco vai até o final de novembro com a prevalência das massas de ar seco. "A massa de ar seco não tem umidade e nuvens. O ar fica muito seco e por isso fica mais fácil a ocorrência incêndios, além de facilitar a alta das temperaturas. Na época mais seca do ano, quanto mais alta a temperatura, mais baixa é umidade relativa do ar", explica.
Na semana passada, a Semar emitiu um alerta devido uma massa de ar seco que provocou baixa umidade relativa do ar abaixo de 30%. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a umidade do ar ideal compreende a faixa entre 50 e 80%. A tendência para o Piauí é uma queda acentuada nos próximos meses.A região que será mais afetada, de acordo com a meteorologista, compreende a região do extremo sul do estado.
Com esse clima mais seco, ocorre a redução da hidratação dos pulmões, agravando a situação de quem tem problemas como asma, bronquite e pneumonia. Neste ano, há outro agravante: a pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, que em casos críticos, ataca diretamente o aparelho respiratório.
Braulio Dyego Martins, pneumologista e presidente da Associação Piauiense de Pneumologia e Cirurgia Torácica explica que a atual época do ano causa um “ressecamento” do ar que pode ocasionar diversos sintomas no organismo, exacerbar doenças pulmonares pré-existentes e facilitar infecções respiratórias.
"A baixa umidade provoca irritação ocular, nasal, dor de garganta, tosse e falta de ar, podendo provocar sintomas graves em asmáticos e pacientes com doenças pulmonares crônicas", disse o pneumologista.
O médico reforça que para se proteger é de extrema importância manter-se sempre bem hidratado, umidificar o ambiente através de umidificadores, toalhas molhadas ou recipientes com água. Além disso, deve-se evitar exercícios físicos ao ar livre nos períodos do dia de menor umidade (10h da manhã às 16h da tarde).
O especialista lembra de medidas que podem tratar e ajudar quem sofre com as consequências do clima seco "Em caso de irritação ocular ou nasal, utilizar soro fisiológico para umidificação. Pacientes com sintomas graves, principalmente tosse e falta de ar, é recomendado procurar assistência médica. Lembrando que neste período o “ressecamento “ das vias aéreas pode facilitar infecções respiratórias, até mesmo da COVID-19", frisa Bráulio Dyego.