O Arcebispo George Pell, que já foi o terceiro homem mais poderoso do Vaticano e católico mais graduado da Austrália, foi considerado culpado de abuso sexual infantil após um julgamento em Melbourne.
Um júri proferiu o veredicto unânime em 11 de dezembro no tribunal de condado de Melbourne, mas o resultado foi sujeito a uma "ordem de supressão" e não pôde ser relatado até esta segunda-feira, e só agora revelado. Um julgamento sobre o mesmo caso já havia sido iniciado em agosto.
Pell, de 77 anos, ex-tesoureiro da Santa Sé, foi considerado culpado de abusar sexualmente de cinco menores com menos de 16 anos de idade entre 1996 e 1997 na Catedral de St Patrick, em Melbourne, onde era arcebispo.
O Papa Francisco, que já elogiou Pell por sua honestidade e combate ao abuso sexual infantil, ainda não reagiu publicamente ao julgamento. No entanto, dois dias após o veredicto não declarado em dezembro, o Vaticano anunciou que três cardeais, entre eles Pell, foram removidos do grupo de conselheiros do Pontífice.
Pell comandou por três anos a Secretaria de Economia da Santa Sé, e tinha a missão de supervisionar as finanças e erradicar a corrupção no Vaticano. Era, assim, um dos religiosos mais influentes na cúpula de Francisco.
O caso Pell tem origem nas investigações de uma unidade especial da polícia de Victoria a partir de informações de uma comissão parlamentar. Segundo dados da investigação publicados em fevereiro, 7% dos padres católicos eram suspeitos de abuso sexual contra menores na Austrália entre 1950 e 2010, mas jamais foram oficialmente denunciados.
No total, mais de 4 mil supostos incidentes foram relatados às autoridades eclesiásticas e, em algumas dioceses, até 15% dos padres acabaram envolvidos em denúncias de abusos.