Teresina 169 anos: Empreendedores fortalecem a economia local

Teresinenses colhem os frutos de um planejamento realizado no contexto do isolamento social e economia da presença

teresina | reprodução
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Você já ouviu falar em economia da presença? Com a pandemia da Covid-19, muitas pessoas viveram o isolamento social e sair de casa virou algo bem restrito. Ao mesmo tempo, as pessoas redescobriram o esporte ao ar livre para se exercitar longe das academias fechadas. No meio deste nicho estão Raiara e Renan Couras, que casaram e ampliaram a empresa familiar durante o isolamento social em Teresina.

A empresa é uma loja de acessórios para bicicleta. São bolsas de hidratação, luvas, meias e artigos esportivos essenciais à prática. Segundo o Sebrae, este é um dos segmentos que mais cresceu durante os anos de 2020 e 2021.

Raiara e Renan Couras ampliaram loja de acessórios para bicicletas durante a pandemia, em Teresina - Foto: Lucrécio Arrais

O modelo de negócio dos dois conquistou o público. Eles vendem em forma de delivery e com atendimento personalizado, na própria sala de casa. “Sempre tiveram grupos de pedal em Teresina, mas no início da pandemia teve um ‘boom’. Muita gente começou a comprar bicicleta e acessórios”, conta Raíra. “As academias fecharam, então atividades ao ar livre acabaram se fortalecendo” , acrescenta Renan.

O senhor e a senhora Couras trataram de investir no nicho, fortalecido com as redes sociais, marketing digital e o e-commerce, além do próprio casamento. O diferencial da loja foi a chave para o sucesso, que terminou se concretizando junto à união dos empreendedores. “A gente casou e montou a empresa durante o isolamento”, revela Renan. 

Para Renan, o sucesso da loja acontece por eles estarem em um vácuo que havia entre os consumidores. “Trabalhamos fora do horário comercial. O dia que temos mais movimentação é sexta-feira à noite, porque tem trilha no sábado e eles vêm de véspera. Diretamente, não concorremos com o mercado tradicional. As lojas físicas não fazem entregas, então a gente está focando nisso, além do atendimento personalizado, que não tem custo a mais”, aponta.

Já Raiara destaca que a loja física permite uma melhor experiência. E o atendimento personalizado também reduz a chance de transmissão. “As pessoas querem vestir, experimentar. É uma roupa que você vai usar durante um pedal de muitos quilômetros. Tudo tem que encaixar e ficar confortável. A compra on-line não permite isso. Além disso, muita gente gosta de combinar as roupas. Além disso, não queremos explorar os clientes. Quem está começando, indicamos apenas o necessário. Também seguimos todos os protocolos de segurança”, atesta.

Bolo de aniversário (artesanal) para Teresina

Mateus Barros é a “persona” por trás de uma marca de bolos artesanais que está fazendo o maior sucesso em Teresina. O jovem decidiu explorar economicamente o talento para fazer massas fofinhas e saborosas com apresentações inéditas e primorosas. Para o aniversário de 169 anos de Teresina, ele preparou um bolo de chocolate que a equipe do Jornal Meio Norte gostaria de dividir com toda a cidade.

Mateus Barros abriu uma marca de bolos artesanais que conquistou o publico local - Foto: Raíssa Morais

Os “experimentos” de Mateus se intensificaram justamente na pandemia do novo coronavírus. “Foi durante o período de isolamento social, no ano passado, que me aventurei mais na cozinha e experimentei todo tipo de coisa. Bolo foi uma delas. Comprei livros de receitas, passei a me interessar sobre as técnicas, comecei a pesquisar sobre o assunto, fiz cursos. Aí fui preparando bolos pra mim, meus pais e amigos. Foi assim que tudo começou”, conta.

O produto de Mateus agrega valor com o suporte das redes sociais. “Quando eu vi que estava fazendo coisas que me agradavam e chamavam a atenção, pensei que poderia aproveitar isso na forma de um empreendimento. Então, quis unir o útil ao agradável. Foi nesse momento que decidi criar um instagram específico para postar conteúdos relacionados aos meus bolos”, aponta.

A primeira venda foi o pontapé inicial para Mateus “colocar a cara a tapa”, como ele mesmo definiu. “Um dia, uma amiga me disse que estava curiosa e queria encomendar um bolo que viu no meu perfil pessoal. Eu nem tinha cardápio ainda. Foi minha primeira venda e foi o pontapé pra que eu criasse coragem e colocasse o plano em ação”, disse.

Mateus concorda que o nicho que escolheu está em crescimento. “Com a pandemia, tivemos que nos redescobrir e reinventar. Boa parte das pessoas passou muito tempo em casa e teve que ir pra cozinha com frequência, então faz sentido que muita gente tenha descoberto algum talento, sobretudo na arte de fazer bolos. Foi assim comigo. Além disso, o bolo é cultural, simbólico e faz toda a diferença. Quem não pensa em bolo para transformar uma ocasião especial, não é? Apesar de ser um mercado já abarrotado, não é limitado. Ele continua aberto para quem quer se arriscar”, considera.

Produto de Mateus agrega valor com o suporte das redes sociais - Foto: Raíssa Morais

O Instagram da marca, que é integralmente feito por Mateus, é o cartão de visitas dos bolos. “Gosto de ficar à vontade para compartilhar qualquer coisa que eu faça e ache legal, sem me pressionar tanto a seguir uma lógica de mercado. No meu instagram, as pessoas vão encontrar o DNA da minha marca: minha estética e as ideias nas quais eu acredito”, assegura.

Otimismo quanto à retomada dos negócios

O mercado de bolaria e de acessórios para bicicletas está em alta em Teresina. Ambos os segmentos representam uma fatia significativa de novos negócios abertos na capital. Somente no primeiro semestre de 2021, Teresina abriu 1.778 novos empreendimentos de diversos setores.

De acordo com Livia Melo, consultora do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), este período de avanço da vacinação é positivo para o mercado. “Existe um otimismo quanto à retomada dos negócios. Tem um movimento de empresários que buscam oportunidades, além de pessoas que perderam o emprego e precisam empreender”, explica.

Lívia Melo, consultora do Sebrae, afirma que avanço da vacinação é positivo para o mercado - Foto: Raíssa Morais

A pandemia mudou todo o cenário do comércio global e local. “São muitas incertezas. Por isso é necessário fazer um planejamento e ver o comportamento do mercado. O que eles estão consumindo? Em Teresina percebemos que o setor de acessórios para bicicletas e a produção de bolos caseiros estão aquecidos na cidade. E isso continuou”, analisa Livia Melo.

A consultora do Sebrae afirma que o mercado abre para as mais variadas formas de vender, sejam presenciais ou virtuais. “O e-commerce foi a saída para a maioria dos empreendimentos que ficaram bloqueados do atendimento presencial. Mas agora ele retorna. Então a forma de consumir fica híbrida, e isso foi fundamental para a permanência das empresas no mercado. A experiência do cliente hoje em dia conta mais que o produto em si”, ensina.

As redes sociais precisam de planejamento para que as pessoas não só vejam o produto, mas comprem. “É um canal de vendas. Mas é preciso conhecer o comportamento do consumidor, além dos tempos de interação e como flui essa venda. Isso precisa ser trabalhado, transformando seguidores e visitantes em compradores”, finaliza Livia Melo.

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