Teresina tem 70 pontos de alagamentos. Após um estudo da Prefeitura Municipal de Teresina foram elencados os oito locais mais críticos. A solução são obras caras, trabalhosas e repletas de burocracias. No entanto, o prognóstico não é dos mais positivos ou céleres. Das oito, apenas as galerias da zona Leste estão em fase de construção.
A segunda, que está mais encaminhada, é a galeria do Torquato Neto, que está em fase de licitação. Das demais, três estão pleiteando financiamento no Ministério das Cidades e outras três permanecem em stand-by, como as outras 62, mas com projeto pronto para ser apresentado caso apareça uma oportunidade.
É o que explica José Alberto Rodrigues Guimarães, assessor de coordenação da Secretaria de Captação de Recursos. “A prefeitura já vem desenvolvendo essa série de ações para a drenagem desde a implementação do plano diretor. Temos todas as diretrizes para pensar em ações de obras como também ter parâmetros para a iniciativa privada. Isso, através de iniciativas, para que as pessoas pensem em técnicas para escoar e drenar a água em grandes empreendimentos e condomínios. Construções com mais de 500 m² precisam controlar a vazão d’água que vai para a rua”, explica.
O problema é que falta orçamento. “São obras caras. Somente as três que estamos pleiteando no Ministério das Cidades, que ainda está em análise, somam R$ 150 milhões. Essas obras de drenagem são muito caras e quase nenhum município brasileiro tem recursos próprios para isso. Temos que captar recursos do Governo Federal ou bancos estrangeiros”, acrescenta o assessor.
Obra de galeria levou 6 anos para iniciar
A única obra que está andando, na prática, é o polêmico conjunto de galerias que precisou passar por quatro licitações, desde 2012, no então governo Elmano Férrer. “As galerias da zona Leste estão avançando bem. Estamos na Avenida João XXIII, em frente a uma concessionária. Em breve, ela vai cortar a João XXIII e vamos em direção da Rua Eustáquio Portela, depois vamos cruzar a Homero e ir em direção à Kennedy. Da Kennedy, ela vai para o São Cristóvão, até chegar na Morada do Sol”, explica.
Os bons resultados teresinenses na parte de drenagem estão na zona Norte. “O Lagoas do Norte é um projeto piloto que serviu de modelo para a Prefeitura de Teresina e vários outros municípios. Era uma região degradada, com muitas lagoas e problemas de saneamento básico. Nós urbanizamos e protegemos a área contra enchentes. Queremos fazer toda a revitalização da zona Norte, que ainda está em processo, mas com bons resultados”, atesta José Alberto.
Duas mortes em um ano
O ano de 2018 mostrou as tragédias que as enchentes de Teresina são capazes de ocorrer. No dia 28 de fevereiro, Francisco Lucas de Carvalho Santos, de 26 anos, morreu afogado dentro de um carro, que caiu em um grotão onde havia muita água escoada das chuvas. O outro ocupante do veículo conseguiu escapar, mas Lucas chegou ao Hospital de Urgência de Teresina (HUT) já sem vida.
A segunda vítima foi mais recente. Carla Daniela Rodrigues, de 32 anos, morreu ao ser arrastada pela correnteza no Residencial Torquato Neto, zona Sul de Teresina. A vítima, natural do Maranhão, visitava uma amiga na capital, quando foi surpreendida pela enchente. Populares tentaram resgatá-la, mas o corpo foi encontrado 1,5 km depois do local do acidente.