Fechando o principal cruzamento da capital, heterossexuais, gays, mães, negros e negras disseram ?Fora Feliciano, você não nos representa?. O ato, com um teor político irreverente, parou o trânsito para uma roda de beijaço, manifestando que toda forma de amor vale a pena.
O Piauí se juntou a outras capitais do Brasil, que têm se colocado contra a permanência de Marco Feliciano (PSC), na presidência da Comissão da Direitos Humanos e Minorias.
Para os manifestantes, o deputado não representa o conjunto das minorias historicamente oprimidas e invisibilizadas, ?por conta de seu fundamentalismo religioso, que só tende a retroceder nas pautas históricas das mulheres, dos negros e gays?, diz Ana Reis, do Movimento Mulheres em Luta.
Os manifestantes lembraram que o PSC é uma legenda com pouca representação e para que fosse eleito o Feliciano foi preciso a retirada de outras candidaturas em troca de barganha de outros partidos, como o PT em outras comissões consideradas mais importantes por eles.
A ordem de escolha também segue o critério das maiores bancadas. Partidos pequenos como o PSOL e outros não têm direito a presidir comissões permanentes, só para citar exemplos.
Em um ato de amor, uma mãe segurava uma faixa com os dizeres: ?Amo meu filho de qualquer jeito?, enquanto homens e mulheres se beijavam afrontando os modelos heterossexuais, normativos, propostos por Feliciano.
Para Lourival Carvalho, militante do Coletivo Rompendo Amarras, o que está em jogo é uma luta contra um modelo de sociedade que oprime aqueles que seguem os padrões, uma sociedade em que tem vez os brancos, homens, heterossexuais.
?Os crimes são ocasionados por posturas preconceituosas e fundamentalistas, como as de Marco Feliciano. A homofobia acaba sendo naturalizada todos os dias e com a presença de Feliciano nesta presidência, institucionaliza-se a homofobia, que deveria ser caracterizado como crime, sendo esta uma pauta também dos movimentos.
Temos certeza que a presença dele nesta comissão não vai ser para um real avanço no que diz respeito a nossos direitos?, diz Lourival, que também é pesquisador da área.
Para a socióloga Ornela Fortes, o Feliciano conseguiu demonstrar um caráter conservador e atingir vários setores que lutam historicamente contra a opressão na sociedade, desde as culturas afrodescendentes, passando por gays e as mulheres.
?Ele fez declarações preconceituosas sobre a Bahia, Estado que guarda uma riqueza muito grande da cultura negra, chega a dizer que negros são provenientes de demônios?, destaca.