Tijolo sustentável ajuda na construção da renda dos oleiros

O tijolo ecológico, surgiu como uma alternativa aos oleiros

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Desde que foram reassentados, por meio de intervenção da fase 1 do programa Lagoas do Norte, parte dos oleiros do Bairro Poti Velho iniciaram um novo tipo de produção. Idealizado no final de 2013 pela Secretaria Municipal de Economia Solidária, o projeto “Olaria Ecológica de Teresina” tem mudado o modo tradicional de trabalhar dos homens e mulheres que há décadas confeccionam tijolos na orla da Avenida Boa Esperança, na zona Norte da capital.

A produção do tijolo solo-cimento, o popular tijolo ecológico, surgiu como uma alternativa aos oleiros, que já não podiam retirar argila da beira do rio, por se tratar de uma área degradada ambientalmente. O projeto da Semest une qualidade, preservação do meio ambiente e economia.

“Esse é um projeto de economia criativa. A produção do tijolo é simples. Feito com barro vermelho, água e cimento.

O tijolo é ecológico, dispensa práticas feitas antigamente pelos oleiros, como precisar queimar matéria orgânica para produzir o tijolo convencional”, explica o secretário da Semest, Olavo Braz.

A Prefeitura de Teresina capacitou os oleiros com curso de qualificação profissional e disponibilizou três prensas hidráulicas para a confecção dos tijolos. Um processo que antes degradava o meio ambiente e tinha cerca de dez etapas, agora é feito apenas em três fases.

Apesar de ainda ser considerado pela secretaria como um projeto em etapa embrionária, a produção dos tijolos ecológicos já tem oportunizado renda para os oleiros do Poti. Recentemente, a encomenda de 30 mil tijolos, solicitada por uma empresa, foi um incentivo para que os produtores sigam acreditando na iniciativa.

De acordo com o secretário Olavo Braz, além de ser mais barato, estudo do Instituto Federal do Piauí (Ifpi) constata que a qualidade do tijolo ecológico é 30% superior à do tijolo produzido anteriormente pelos oleiros.

“Projeto apaixona pela facilidade da confecção”

Bom para quem compra e ótimo para quem produz. A produção do tijolo ecológico a cada dia ganha mais adeptos no Poti Velho. O processo de confecção garante o bem-estar dos oleiros, que consideram que a mudança trouxe qualidade de vida para eles.

“Essa novidade caiu do céu. Melhorou 100% nossa saúde. Antes adoecíamos, nem conseguíamos dormir direito por causa da queima. O trabalho era muito maior, demorávamos três dias para fazer mil tijolos. Hoje fazemos isso em 1 dia apenas em condições confortáveis”, conta o presidente da Associação dos Oleiros do Poti Velho, Luís Felipe.

Filho de oleiro, Luiz Felipe conta que praticamente já nasceu sabendo fazer tijolo. Mesmo assim, ele não teve medo de deixar o tradicional de lado e abraçar o projeto “Olaria Ecológica”. Hoje, o presidente da Associação dos Oleiros é um dos principais entusiastas da ação. “Esse projeto apaixona pela facilidade na confecção dos tijolos. O tijolo já sai da máquina pronto, no ponto de secar”, detalha Luis Felipe.

Atualmente 12 oleiros estão participando do projeto da Olaria Ecológica. Diante o aumento das compras dos tijolos por parte de construtores, a tendência é que mais pessoas queiram participar da incitativa.

Oleiros tradicionais apostam no sucesso do projeto

Além de Luís Felipe, ou-tros oleiros tradicionais do Poti Velho apostam no sucesso da confecção do tijolo ecologicamente correto. Dora Maria atua há mais de 30 anos na profissão e conta que, apesar do estranhamento, não teve dúvida que o projeto “Olaria Ecológica” iria beneficiá-los.

“Quando o programa Lagoas do Norte nos retirou das olarias ficamos sem saber o que fazer até que surgiu esse projeto. Eu e o Luis Felipe fizemos o curso e incentivamos mais pessoas. Ficamos 4 meses, só nós dois na produção, e as pessoas foram chegando aos pouquinhos”, relembra Dora.

A oleira conta que consegue sustentar a família com a renda que arrecada mensalmente através da produção do tijolo ecológico. “Está dando tudo certo e sabemos que vai melhorar”, aposta.

Paulo José da Conceição é oleiro há mais de 20 anos e afirma a possibilidade de montar seu próprio horário de trabalho. “Antigamente, começávamos a trabalhar 5 horas da manhã e só largávamos às 18h. Hoje não. Como as máquinas são rápidas, nossa rotina diminuiu”, disse Paulo José.

Projeto será expandido para comunidades terapêuticas

Diante do sucesso e da aceitação do mercado consumidor, a Secretaria Municipal de Economia Solidária vai impulsionar a produção do tijolo ecológico nos próximos meses. A sede dos oleiros será reformada para que mais pessoas possam integrar a confecção do produto.

O secretário Olavo Braz adianta que a ideia da Semest é, também, disponibilizar prensas hidráulicas às comunidades que tratam dependentes químicos em Teresina.

“Queremos dar apoio às 16 comunidades terapêuticas de Teresina para que os internos possam produzir o tijolo ecológico para a venda na Grande Teresina. É uma chance de incluí-los nesse importante projeto”, considera Olavo.

Com a expansão, a Prefeitura vai oferecer aos dependentes químicos oportunidade de emprego e renda.

Fotos: Kelson Fontinele

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