?Eu tive uma nova chance", acredita Muniki Dias Goulart, de 24 anos, uma das sobreviventes do incêndio que atingiu o apartamento em que morava no Setor Oeste, em Goiânia, no dia 29 de setembro deste ano. Por causa das chamas, a jovem pulou do 12º andar. O marido dela, Eduardo Oliveira, foi o primeiro a pular e morreu na hora. O pai foi socorrido por uma vizinha, mas não resistiu aos ferimentos, e a mãe foi socorrida pelos bombeiros.
Atualmente, Muniki mora com a mãe, Kátia Dias Goulart, em Inhumas, a quase 48 km de Goiânia. Por causa do trabalho, ela também passa alguns dias na casa de uma amiga, que mora na capital. A jovem, que voltou a trabalhar há aproximadamente um mês, hoje continua comandando o açougue que, antes, administrava em parceria com o marido.
Para ela, o trabalho é um refúgio e a maneira de não ficar pensando na tragédia. "Ficar sem ele não está sendo fácil. A gente trabalhou junto a vida inteira. Deus está me dando força, me levantando. Sei que se meu marido estivesse aqui ele ia querer que eu estivesse assim, forte, correndo atrás das coisas e resolvendo os problemas. Só de lembrar da garra dele, da força de vontade, isso me dá forças para levantar da cama todos os dias?, conta.
Saudade
No dia 26 de dezembro, Muniki e Eduardo, que eram vizinhos de rua quando crianças, completariam nove anos de casados e 12 anos que estavam juntos. "Nós tínhamos tantos planos naquela semana e eu vi meus sonhos queimando no meio daquele fogo?, lamenta a jovem, que planejava ter um filho e comprar uma casa nova. ?Não faço planos como fazíamos. Peço para Deus me guiar no caminho certo", diz Muniki, que não pretende voltar a morar em um apartamento.
Três meses depois da tragédia, Muniki segue fazendo acompanhamento psicológico e fisioterapia no punho, que foi submetido a uma cirurgia após a queda do 12º andar. Dizendo não ter nenhuma religião, a jovem contou ao G1 que está frequentando uma igreja evangélica da capital em gratidão pelo apoio que recebeu nos dias seguintes ao acidente: ?Estou frequentando uma igreja evangélica porque o pessoal de lá me ajudou muito quando tudo aconteceu. Eles iam me ver e oravam para mim. Mas eu não tenho religião, eu sou de Deus, acredito em Deus?.
A jovem atribui a Deus o fato de estar viva, e acredita que o que aconteceu com ela foi um milagre: ?Eu sou um milagre de Deus, não tem outra explicação. Só tenho a agradecer e acredito que Ele tem um propósito na minha vida, porque só Deus pode explicar isso que aconteceu comigo. Eu tenho uma missão para cumprir nessa vida, tenho que mostrar que Deus é fiel. Quem me vê hoje não acredita que estou tão bem. Minha recuperação foi muito rápida e eu sou prova viva de que Deus existe".