A Tom Maior, sétima e última escola deste primeiro dia de desfiles em São Paulo, enfrentou contratempos antes mesmo de entrar no sambódromo. O carro abre-alas teve problemas no sistema de direção e só conseguiu passar da linha inicial aos 13 minutos decorridos e com a ajuda de empilhadeiras. A segunda alegoria também precisou ser manobrada com ajuda mecânica para seguir em frente. Mas, mesmo com o andamento comprometido, a agremiação superou as dificuldades e concluiu o trabalho em 62 minutos, dentro do tempo regulamentar (mínimo de 55 e máximo de 65 minutos).
A presidente da Tom Maior, Luciana Silva, disse que tem esperanças de que a escola não esteja prejudicada por causa do incidente. "O regulamento prevê que podemos usar carros de apoio. O que mostramos logo atrás do carro que teve problemas deixa claro que fizemos um excelente espetáculo. Estava perfeito". Emocionada, a presidente falou que a agremiação vai brigar para ficar não apenas no Grupo Especial, mas também entre as cinco primeiras colocadas. "Queremos desfilar entre as campeãs".
A escola entrou na avenida no amanhecer deste sábado (1) com a arquibancada esvaziada após uma noite de chuvas no Anhembi. Para o desfile, a Tom Maior mergulhou na história da cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná. O enredo "Foz do Iguaçu, Destino do Mundo - Sinfonia das Águas em Tom Maior" é assinado pelo carnavalesco carioca Mauro Quintaes, que faz sua estreia na agremiação. Para contrastar com o dia claro, ele escolheu cores fortes --como vermelhos, laranjas e amarelos-- para destacar as alegorias e fantasias.
Em ritmo acelerado, a escola abriu o desfile com a lenda do amor proibido entre os índios Naipi e a Tarobá, que viviam às margens do Rio Iguaçu. Reza a lenda que Naipi era consagrada ao deus-serpente M"Boy, mas se apaixonou e fugiu de canoa com Tarobá. Furioso, M"Boy abriu uma fenda na terra, que separou o casal e deu origem às cataratas. Naipi teria se transformado em rochas e Tarobá, em palmeiras, ambos representados em fantasias na avenida.
A segunda alegoria retrata a chegada da primeira embarcação na região. O espanhol Álvar Núñez Cabeza de Vaca foi o primeiro a descrever as Cataratas do Iguaçu. A bateria do Mestre Carlão vem neste setor, e os ritmistas estão fantasiados de marujos espanhóis. A diva da bateria, Tânia Oliveira, representou a beleza divina. "Tive a oportunidade de realizar meu sonho de ter cabelos vermelhos. Se meu cabelo aguentasse, eu mudaria mesmo a cor. Mas não dá, então recorri à peruca", disse ela.
A Ponte da Amizade, que liga Foz do Iguaçu a Ciudade del Este, no Paraguai, os muambeiros e os turistas estão no terceiro setor. Os cassinos, embora proibidos no Brasil, são uma atração para quem visita Foz, já que são liberados na vizinha Puerto Iguazú, no lado argentino. A Hidrelétrica de Itaipu estará no quarto carro. A quinta alegoria faz uma homenagem a Oxum, a rainha das águas doces.
Primeiro dia de desfiles em SP
O primeiro de dois dias de desfiles do Grupo Especial de São Paulo começou às 23h15 desta sexta-feira sob forte chuva - a pior desde 1991, segundo a Liga das Escolas de Samba de São Paulo-- e com direito a granizo. Mesmo com as dificuldades climáticas, a Leandro de Itaquera, que chegou à elite após três anos no Grupo de Acesso, conseguiu apresentar seu enredo sobre a Copa do Mundo sem tropeços e dentro do tempo regulamentar. No piso molhado, a madrinha de bateria Andressa Urach, que se apresentou com os seios nus, e as passistas tiveram que se equilibrar em cima de saltos e sambaram em poças d"água.
A chuva, que também atrapalhou o desfile inspirado na loucura da X-9 Paulistana, deu uma trégua durante o desfile da Rosas de Ouro, que levou à avenida o enredo "Inesquecível", homenageando personalidades como Chacrinha, Elvis Presley, Michael Jackson, Ayrton Senna, Dercy Gonçalves, Carmen Miranda e Hebe. A escola também apostou em personagens caros à memória afetiva dos adultos de hoje, como os super-heroís Capitão América e Mulher-Maravilha, representados respectivamente pelo Mestre-Sala e Porta-Bandeira, e a boneca Barbie, encarnada pela atriz Ellen Roche.
O imaginário infantil também foi inspiração para a Dragões da Real, que resgatou ícones dos anos 80 como o brinquedo Pula-Pirata, Cubo Mágico e até as pecinhas de Lego, e também à Acadêmicos do Tucuruvi, que fez um desfile politizado, representando os 22 artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente.
O carnavalesco e a escola alvinegra têm uma parceria vitoriosa. Em seis carnavavais, Chico conquistou três títulos, dois vice-campeonatos e um terceiro lugar. No ano passado, a maior campeã do Carnaval de São Paulo - são 14 títulos, ficou em sétimo lugar.
Mesmo com um dos temas menos interessantes da noite, dedicado à cidade de Paulínia, no interior de São Paulo, a Vai-Vai "assanhou" o público com suas beldades e colorido das alas no penúltimo desfile da noite. Entre os destaques, a exuberante rainha da bateria Camila Silva, a atual Missa Brasil Jakelyne Oliveira, e a pequena Giuliana Silva, de apenas 8 anos.
Pelos camarotes do Anhembi, passaram famosos como Marcelo Serrado, o casal Fiuk e Sophia Abrahão e o jogador Ronaldo, que será homenageado pela Gaviões da Fiel no desfile deste sábado.
A campeã do Carnaval de São Paulo será definida na tarde de terça-feira, após apuração das notas das 14 escolas que desfilam neste ano.