Um relatório divulgado nesta terça-feira (24) pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) mostra que, entre 2000 e 2008, o número total de pessoas no mundo vivendo com o vírus cresceu 20%, mas o número de novas infecções caiu 17% no mesmo período.
Segundo o órgão, essa diferença se dá por causa do sucesso dos tratamentos antirretrovirais. Ou seja: as pessoas com o vírus estão vivendo mais, mas cada vez menos gente adquire o vírus. “A epidemia no mundo, hoje, tende a se estabilizar, exceto na Europa Oriental e na Ásia Central”, afirma o coordenador do Unaids no Brasil, Pedro Chequer.
Apesar da queda, para cada duas pessoas que começam o tratamento, cinco se infectam. “Isso é preocupante”, diz Chequer. Cerca de 33,4 milhões de pessoas em todo o mundo estão infectadas com o vírus da Aids. Esse número significa um crescimento de 400 mil infectados, 1,2% mais que as 33 milhões de pessoas com a doença em 2007. De acordo com a pesquisa, em 2008 foram registrados mais de 7.400 novos casos diários de infecções por HIV no mundo.
Desse total, 40% das pessoas tinham entre 15 e 24 anos, concentrados principalmente em países pobres. A África subsaariana é o local onde há mais registros. Segundo Chequer, 60 milhões de pessoas já foram infectadas desde a descoberta do vírus. Para o coordenador, a epidemia está se “heterossexualizando”.
O levantamento diz que 60% das pessoas que têm HIV não sabem que são portadoras do vírus. Além disso, 1/3 das pessoas que vivem com o vírus também têm tuberculose. Cobertura Somente 42% das pessoas que necessitavam tinham acesso ao tratamento contra a doença no mundo.
Mesmo assim, ainda houve aumento no número de portadores que se trataram no ano passado, em comparação a 2007: cerca de 36%. Na América Latina e no Caribe, o número de pessoas que recebem tratamento contra o HIV chega a 54%. De acordo com a pesquisa, existe uma tendência à “feminilização” da doença. Cerca de 48% dos 7.400 novos casos diários ocorreram em mulheres.
De acordo com a diretora do departamento de DST/Aids do Ministério da Saúde, Mariângela Simão, 1/3 dos casos no Brasil são de mulheres. Na faixa etária de 13 a 19 anos, há dez casos de quadro de Aids em meninas para oito em meninos. Nesta semana, o ministério deve divulgar dados mais atualizados sobre a doença no país. Segundo a ministra da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, Nilcéa Freire, uma das estratégias de prevenção, no Brasil, é a distribuição de preservativos femininos. No próximo ano, disse, 9 milhões deles devem ser fornecidos; em 2011, esse número deve chegar a 10 milhões.