Trabalho descreve 25 novas espécies de aranhas

Os pesquisadores descreveram oito novos gêneros e 25 novas espécies

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A fauna brasileira é uma das mais diversificadas do mundo. Constantemente, novas espécies são encontradas, quando inventários de biodiversidade são realizados. Além disso, inúmeras espécies ainda não descritas encontram-se depositadas em coleções científicas nacionais e internacionais, aguardando o lento e cuidadoso trabalho de taxonomistas, ou seja, aguardando o trabalho de pesquisadores especializados em reconhecer, descrever e diagnosticar espécies.

Alguns grupos de animais apresentam um número muito grande de espécies aguardando sua descrição. Este, por exemplo, é o caso de aranhas. Embora o número de pesquisadores brasileiros que estudem aranhas tenha crescido consideravelmente nos últimos 10 anos, ainda há muito a ser feito.

Recentemente, o professor Leonardo Sousa Carvalho, do Campus Amílcar Ferreira Sobral, da Universidade Federal do Piauí, em Floriano, desenvolveu um projeto que buscou investigar aranhas brasileiras de regiões mal amostradas. Isto é, regiões onde poucos pesquisadores coletaram aranhas. O projeto foi desenvolvido em parceria com o pesquisador austríaco Bernhard A. Huber (Museu de Pesquisa Zoológica Alexander Koenig, Bonn, Alemanha) e financiado com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e da Sociedade Alemã de Amparo à Pesquisa – DFG.

O primeiro resultado deste projeto foi publicado nesta semana, na revista neozelandesa Zootaxa. O trabalho foi autorado pelo Dr. Huber e pelo professor Leonardo, sendo intitulado “Filling the gaps: descriptions of unnamed species included in the latest molecular phylogeny of Pholcidae (Araneae)”, numa traduação literal: “Preenchendo vazios: descrições de espécies não-nominadas incluídas na última filogenia molecular de Pholcidae (Araneae).

Neste trabalho, os pesquisadores descreveram oito novos gêneros e 25 novas espécies de aranhas treme-treme, sendo quatro gêneros e sete espécies brasileiras. As espécies brasileiras foram encontradas no interior de cavernas (ex.: Pinocchio barauna, do Rio Grande do Norte), em solos de florestas na Amazônia (ex.: Arenita fazendinha, do Amapá) ou ainda em diversos estados, desde a Mata Atlântica até o extremo oeste da Amazônia brasileira (ex.: Saciperere catuaba).

Animais são nomeados em homenagem a pesquisadores

Além das descrições formais da morfologia destes animais, cabe ao taxonomista a proposição de nomes, explica o professor Leonardo. Neste trabalho, alguns animais foram nomeados em homenagem a pesquisadores que ajudaram significativamente durante o projeto, como Chibchea hamadae (homenagem a Neusa Hamada, pesquisadora do INPA) e Chibchea santosi (homenagem a Adalberto Santos, professor da UFMG). Outros nomes foram mais curiosos. O gênero Pinocchio recebeu este nome pois os indivíduos machos apresentam uma projeção muito grande próxima aos olhos, lembrando o nariz avantajado do personagem Pinóquio. O gênero Saciperere, por sua vez, recebeu este nome pois os indivíduos estudados foram encontramos algumas vezes no litoral do Nordeste e somente depois de muita procura, encontrados novamente no oeste do Acre e do Amazonas, fazendo uma referência a lenda do saci-pererê, que aparece e desaparece constantemente.

Segundo o professor Leonardo Carvalho, “este é apenas o primeiro resultado do nosso projeto, hoje encerrado. Encontramos mais de 500 espécies ainda não descritas de aranhas treme-treme, somente da América do Sul. Isto indica que teremos ainda décadas de trabalho pela frente. Nosso objetivo é descrever o maior número possível destas espécies, a fim de que possamos, futuramente, avaliar seu status de conservação e traçar estratégias para sua preservação.”

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