Tragédia em SP: saiba como é feita a identificação de vítimas de acidentes aéreos

Corpos carbonizados dificultam trabalho da perícia e podem exigir até exames de DNA

Saiba como é feita a identificação de vítimas de acidentes aéreos | Fotos: Lucas Padula/TV Meio e Claudia Vitorino/ Arquivo pessoal
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Após a queda de um avião em Vinhedo, no interior de São Paulo, na tarde desta sexta-feira, que resultou na morte de 62 pessoas — 58 passageiros e quatro tripulantes —, o processo de identificação das vítimas e coleta dos restos mortais começou imediatamente. No entanto, a identificação pode ser dificultada se os corpos estiverem carbonizados.

A primeira tentativa é identificar as vítimas por impressões digitais. Se isso não for possível, busca-se por características específicas como arcada dentária, próteses, marcapassos, parafusos, placas metálicas ou tatuagens. Caso essas alternativas não funcionem, a coleta de DNA é necessária, um processo que pode levar cerca de 15 dias, prolongando a angústia das famílias.

COMO É FEITA A IDENTIFICAÇÃO DAS VÍTIMAS

O primeiro desafio da equipe responsável pela coleta dos fragmentos no local do acidente é identificar o tecido humano entre os destroços, uma tarefa complicada pela mistura com materiais como fuligem e concreto.

Após a coleta, os restos mortais são encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML), onde a Polícia Técnico-Científica seleciona partes viáveis para a extração de material genético. Essas amostras são enviadas ao Laboratório de DNA da Polícia Técnico-Científica, onde os testes revelam perfis genéticos que permitem distinguir um indivíduo do outro.

Amostras de sangue dos parentes das vítimas também são coletadas, facilitando a identificação ao comparar os perfis genéticos dos familiares com os obtidos dos restos mortais.

Tragédia: 31 corpos já foram retirados do avião da Voepass e dois identificados | Foto: Lucas Padula/TV Meio 

CORONEL DA PM DIZ QUE NÃO SERÁ UMA TAREFA FÁCIL

"O cenário é de muita tristeza. No visual temos alguns corpos, mas não é possível fazer a contabilização. Nosso trabalho está focado na liberação do local para o trabalho da perícia e depois a liberação dos corpos. Mas será um trabalho complexo. O IML de Campinas tem condição de receber e tem a estrutura de SP em apoio. Pelo que podemos ver a identificação dos corpos não será uma tarefa muito fácil", afirmou o coronel da Polícia Militar de São Paulo, Cássio Marques, que atuou no local do acidente.

31 CORPOS JÁ FORAM RETIRADOS DO AVIÃO

O Corpo de Bombeiros atualizou, na tarde deste sábado (10), que 31 corpos foram retirados do local do acidente, sendo dois já identificados por meio de exame datiloscópico. Do total, 24 corpos já foram encaminhados ao IML Central de São Paulo para identificação e posterior liberação às famílias. Os demais estão a caminho de São Paulo. 

SOBRE O ACIDENTE

O avião com 62 pessoas a bordo, incluindo 58 passageiros e quatro tripulantes, caiu em um condomínio no bairro Capela, em Vinhedo. A Voepass Linhas Aéreas divulgou a lista dos ocupantes no final da tarde. Este é o acidente aéreo com o maior número de vítimas no Brasil desde a tragédia da TAM em 2007, que resultou em 199 mortes.

Foto mostra local da queda em Vinhedo — Foto: Claudia Vitorino/ Arquivo pessoal  

A aeronave, um turboélice modelo ATR-72, partiu de Cascavel (PR) às 11h58 com destino a Guarulhos (SP). Segundo a FAB, o voo transcorreu normalmente até as 13h20, mas a partir das 13h21, a aeronave não respondeu às chamadas da torre de São Paulo e não declarou emergência ou condições meteorológicas adversas. O contato radar foi perdido às 13h22.

Em nota, a companhia aérea afirmou que o avião estava em condições adequadas de voo, sem restrições. O Cenipa, responsável pela investigação, informou que ainda é cedo para determinar as causas do acidente.

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