Um balanço do Setor Metroferroviário de Passageiros, divulgado nesta segunda-feira (06) pela Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPtrilhos), mostrou que trens e metrôs transportaram 2,9 bilhões de passageiros em todo País, em 2014. O número representa aumento de 4,4% na comparação com 2013, quando os passageiros atendidos por esses modais somaram 2,7 bilhões de pessoas.
Apesar do aumento, o número representa uma queda no ritmo de avanço: a taxa média anual de crescimento para o setor era 10% desde 2010. Para 2015, estima-se que 3 bilhões de pessoas serão transportadas por veículos sobre trilhos – aumento de pouco mais de 2%.
De acordo com a superintendente da ANPtrilhos, Roberta Marchesi, o número evidencia as dificuldades vividas pelo setor. "Esse número mostra exatamente que o setor vem passando por um congestionamento. Os sistemas que estão implantados não crescem de acordo com a demanda da população. Isso vai levando esses sistemas à saturação. Esse pequeno crescimento mostra exatamente isso", disse.
Em 2014, a malha ferroviária foi ampliada em 30 quilômetros, o que significa crescimento em extensão de 3%. Para a ampliação do sistema, até 2020 são esperados 20 projetos, já contratados ou em execução, e uma carteira com mais de 18 projetos a serem avaliados. A taxa, todavia, não deve ser suficiente para suprir a demanda, como aponta o documento do ANPtrilhos. Das 63 médias e grandes regiões metropolitanas do País, apenas 12 possuem algum tipo de sistema de transporte de passageiros sobre trilhos.
Segundo Roberta, um fator que também pode prejudicar o setor é a medida que alteração a política de desoneração da folha de pagamentos. De acordo com ela, somente as três maiores operadoras metroferroviárias calculam acréscimo de custo da ordem de R$ 73 milhões de reais em 2015. Também vai ter impacto no custo das operadoras, a elevação da tarifa de energia elétrica.
Os dois sistemas fecharam o ano de 2014 com 1.002 quilômetros de extensão, divididos em 40 linhas, com frota 4,3 mil veículos e 521 estações operacionais. Roberta avalia que, se comparado com outros países, o sistema metroferroviário brasileiro ainda não é ideal. Considerando os padrões de outros modais de transporte, o sistemas sobre trilhos chega a emitir até 60% menos poluentes do que os automóveis e 40% menos do que os ônibus. Em relação à capacidade de transporte, trens e metrôs ultrapassam carros em 58,2 mil passageiros por hora.
"Se formos comparar, por exemplo, com [o metrô da] Cidade do México, que tem a mesma idade que o metrô de São Paulo, a Cidade do México tem uma rede, hoje, superior a 200 quilômetros [de extensão], enquanto o metrô de São Paulo possui uma rede de 75 quilômetros. Isso mostra a prioridade que outros países vem dando ao desenvolvimento da mobilidade urbana e também o quanto o Brasil ainda tem a crescer", avaliou.