Três em cada quatro pilotos caem no sono durante o voo, revela pesquisa

Sonecas de segundos são cada vez mais frequentes e somam-se a jornadas cada vez mais longas e pausas cada vez mais curtas, aponta pesquisa

Três em cada quatro pilotos caem no sono durante o voo, revela pesquisa | Pixabay
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Uma pesquisa realizada com 6.900 profissionais da aviação em 31 países europeus, durante o período de 1º a 22 de julho, revelou que 75% dos pilotos admitiram ter experimentado breves momentos de sono durante o voo. Enquanto 25% dos participantes da pesquisa mencionaram ter vivenciado até cinco ou mais incidentes desse tipo, a maior parte (73%) expressou dificuldade em obter descanso adequado entre voos consecutivos.

Conduzida pela European Cockpit Association (ECA), a associação europeia de pilotos, a pesquisa menciona a existência de "lacunas estruturais" nas companhias aéreas e na supervisão realizada por autoridades públicas no que tange à gestão dos riscos associados à fadiga desses profissionais. 

"Os riscos de segurança devido à fadiga não são suficientemente levados a sério por muitas companhias aéreas europeias", critica Vivianne Rehaag, especialista em segurança do sindicato alemão de pilotos Vereinigung Cockpit (VC).

Ambas as organizações estão pleiteando uma supervisão mais rigorosa por parte das autoridades, especialmente nos países do Reino Unido, Irlanda, Malta e Espanha, onde as companhias aéreas apresentaram os resultados menos favoráveis na pesquisa. Por outro lado, Suíça, Holanda e Áustria foram classificadas com melhor desempenho no estudo.

PESQUISA FOI NO PERÍODO ANTES DO PICO DA ALTA TEMPORADA

Ao expor os dados, a ECA enfatizou que a pesquisa indagou sobre a condição dos pilotos nas quatro semanas anteriores às entrevistas, abrangendo o intervalo de junho a julho. A associação também alerta que o cenário de exaustão entre esses profissionais provavelmente agravou-se durante o pico da temporada de férias, quando o volume de voos alcança o seu ponto mais alto.

O VC aponta uma "tendência preocupante de extensão dos horários de trabalho" da categoria para além dos "parâmetros legais do que é seguro": em situações excepcionais, o comandante responsável por um voo pode estender o turno de trabalho da tripulação para além do limite máximo previsto em lei – isso acontece, por exemplo, quando uma viagem acaba se estendendo além do planejado por causa do mau tempo. 

Conforme o estudo, quase um em cada cinco pilotos afirma ter tomado essa medida em duas ou mais ocasiões recentes. Revelando uma possível pressão por parte das companhias aéreas, 60% desses profissionais mostraram apreensão em contestar tais instruções, como aquelas que requerem a realização de uma escala para possibilitar a substituição da equipe de voo.

Somente 11% dos pilotos comunicaram que as companhias aéreas implementaram alterações visando aprimorar a segurança dos voos após relatos de fadiga por parte deles. No final de junho, a Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA) já havia emitido um alerta sobre o alto risco de exaustão entre os membros da tripulação durante o período de verão. Além disso, a agência solicitou às companhias aéreas que evitassem a extensão das jornadas de trabalho dos pilotos.

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