Desde a misteriosa postagem no Twitter do presidente americano Donald Trump, avisando que “ algo muito grande havia acontecido ”, até a confirmação de que se tratava da morte do líder de um dos grupos terroristas mais violentos das últimas décadas, o Estado Islâmico , surgiram dúvidas sobre as circunstâncias da operação. Afinal, pouco se sabia do paradeiro Abu Bakr al-Baghdadi, nem mesmo se ele estava vivo .
Porém, para surpresa de muitos, o presidente Trump deu muitos detalhes já neste domingo, algo que não é considerado usual em operações sigilosas como essa. Um exemplo é o da morte de Osama bin Laden , em 2011, onde algumas partes da narrativa seguem pouco claras até hoje, como o local onde o corpo do líder da al-Qaeda foi colocado.
Durante seu pronunciamento, o presidente afirmou que os primeiros relatos da inteligência sobre o paradeiro de al-Baghdadi começaram a chegar há cerca de um mês, com apoio crucial de fontes curdas. A localização exata, na região síria de Idlib, foi estabelecida há duas semanas, e Trump ficou sabendo dos detalhes na quarta-feira.
No dia da operação, Trump chegou à Casa Branca por volta das 16h30, após uma partida de golfe. Pouco depois, se reuniu na Sala de Situação com o vice-presidente, Mike Pence , o secretário de Defesa, Mark Esper , o conselheiro de segurança nacional Robert O’Brien, além de pessoas ligadas ao setor de inteligência. Ali, assistiam a tudo em tempo real.
Por volta das 11 da noite, pelo horário da Síria, oito helicópteros decolaram de uma base no Oeste do Iraque com soldados e uma unidade canina. Aviões e navios deram apoio à parte terrestre da operação. Para tal, precisaram de autorizações para usarem o espaço aéreo de Turquia , Iraque e Rússia , mas sem dar detalhes sobre o que seria feito. A Moscou, os americanos apenas disseram que “eles gostariam” do resultado.
Em meio a ataques aéreos de apoio, os helicópteros foram recebidos a tiros ao chegarem perto do local onde o líder do Estado Islâmico estava abrigado, na região de Idlib , mas conseguiram pousar em segurança. Em seguida, de acordo com Trump, explodiram uma parede e entraram no complexo, onde “pessoas estavam se rendendo ou sendo baleadas e mortas”. Onze crianças foram retiradas e levadas para um local não-revelado.
Mas al-Baghdadi também tinha um plano de fuga: ele correu para uma área subterrânea, levando seus três filhos mais novos. Segundo Trump, ele estava “gemendo, gritando e chorando” quando acionou seu colete-bomba, cometendo suicídio, matando seus filhos e fazendo o túnel desmoronar. O corpo ficou mutilado pela explosão, e os militares fizeram um teste de DNA para confirmar a identidade. Eles também inspecionaram o complexo, em busca de informações sobre o processo de formação do grupo, seu esquema de comando e indicações de possíveis novos ataques. Duas horas depois, retornaram para a base.
De acordo com O’Brien, os restos mortais de al-Baghdadi devem seguir o protocolo usado com Osama bin Laden , que teve o corpo atirado ao mar em 2011, seguindo recomendações de especialista em lei e rituais islâmicos.