UFPI completa 50 anos como referência na formação superior

A Universidade Federal do Piauí foi criada através da Lei N.º 5528/68, um importante marco para o Piauí, contribuindo há cinco décadas para o desenvolvimento do Estado

Vista aérea da entrada do Campus Ministro Petrônio Portella, da UFPI, em Teresina | Divulgação
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A Universidade Federal do Piauí (UFPI) completa hoje, 1º de março, 50 anos de fundação como referência na formação superior no Estado. Ao longo de cinco décadas, a universidade formou profissionais de renome e destaque nos âmbitos local, estadual e nacional. A UFPI foi instituída pela Lei N.º 5528/68, assinada pelo presidente Costa e Silva em que autorizava o seu funcionamento sob forma de fundação.  

FOTO: Divulgação/UFPI

Integravam inicialmente a universidade: o Instituto de Ciências Exatas e Naturais; o Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Letras; a Faculdade de Direito, a Faculdade de Odontologia; a Faculdade de Medicina e a Faculdade de Administração, em Parnaíba. Essa lei foi resultado de lutas de políticos e de vários segmentos da sociedade que acalentaram um sonho por décadas de instalar uma universidade no Piauí.

Em seguida, foram criadas as exigências legais que garantiram as condições objetivas para a implantação da UFPI, cuja instalação ocorreu em 1º de março de 1971, no Salão de Festas da Sociedade Civil Clube dos Diários, em Teresina, em solenidade pública dirigida pelo então Diretor da Faculdade de Direito do Piauí, Professor Robert Wall de Carvalho, investido no ato histórico-político de Reitor Pro Tempore e presidida pelo então Governador do Estado do Piauí, João Clímaco D'Almeida. Daquela data em diante, começaram, de fato, as atividades acadêmico-administrativas de uma Instituição de Educação Superior de atuação significativa para o desenvolvimento social, econômico, político e cultural do Piauí.

Imagens de dois tempos diferentes da instituição, a primeira (acima) recém-inaugurada; a segunda (abaixo), nos tempos atuais

foto: Divulgação UFPI

O professor de filosofia, Paulo Nunes, de 96 anos,  integrou a comissão de fundação da UFPI, a que criou estatutos. Em entrevista ao Jornal Meio Norte, ele lembra desses mais de 50 anos desde as primeiras reuniões. “Esse momento foi o mais significativo da minha vida, porque eu estava como um dos trabalhadores da instalação da universidade, viajei a Brasília várias vezes com essa finalidade,  fui ao centro da realização desse projeto, não só assumi, mas fiz várias viagens para capital federal e depois dessa luta toda, de ter trabalhado no conselho federal de educação acompanhando o projeto, terminamos instalando oficialmente a universidade em 1971”, detalhou.

O filósofo lembra que aquele foi um projeto  e modelo de atuação diferente do que funciona atualmente. “Nós fizemos uma solenidade diante de todas as autoridades do Estado e fiz uma fala de improviso que ficou marcada até hoje. Depois de tudo isso, quando fomos instalar a universidade, outro grupo assumiu e criou a universidade atual com departamentos. Nós trabalhamos na maior simplicidade e isso muito me orgulha”, acrescenta Paulo Nunes.

Universidade como divisor em cinco décadas

O novo reitor da Universidade Federal do Piauí, Gildásio Guedes Fernandes, enfatiza que a  UFPI é um divisor na história do Piauí, por agregar o capital mais precioso de uma sociedade: o capital humano. “A UFPI dota o Piauí de pessoas qualificadas, cria o alicerce para que nosso estado possa sonhar mais alto e realizar mais, chegar mais longe. E quando olhamos esses 50 anos, fica o orgulho por tudo que a Universidade Federal do Piauí fez até agora. E mais orgulho ainda pelo o que ela pode fazer”, declarou.

Gildásio Guedes, reitor da Universidade | foto: Divulgação/UFPI

Para o reitor, o grande desafio da UFPI é realizar o sonho coletivo, ser fundamental na concretização da grande transformação econômica e social do Piauí, traduzida em mais qualidade de vida para os piauienses.

“É nesse sentido que digo que a UFPI tem que romper os seus muros e interagir de forma mais intensa e sistemática com a sociedade. Nenhuma sociedade cresce sem o alicerce do saber, do conhecimento. E nós temos o conhecimento que transforma. Romper os muros é fazer desse saber, das descobertas de dentro do campus o instrumento de mudança social que tanto sonhamos para o Piauí”, avalia.

Gildásio Guedes afirma que comemorar os 50 anos da universidade é a oportunidade de perceber com mais clareza a riqueza do percurso, das experiências acumuladas e das lições que o tempo deixou. “É também o momento de olharmos para o futuro, de desenharmos os próximos 50 anos, porque a UFPI pode realizar muito mais e fazer muito mais por nosso estado. Queremos aproveitar as comemorações dos 50 anos também para, com as lições dessa trajetória, lançar os olhos para os próximos 50”, finalizou.

Infraestrutura intelectual, cultural e do capital humano

A criação da UFPI na década de 70 inaugurou uma nova fase histórica no Piauí. No mesmo período, foi criada a Barragem de Boa Esperança. Para o economista, pesquisador e docente aposentado da UFPI, Felipe Mendes, as duas instalações integram etapas significativas na história do Piauí, ao lado da criação da capitania do Piauí ainda no período colonial e da transferência da capital do estado para Teresina no século XIX.

Felipe Mendes, docente aposentado relata criação da UFPI como grande marco para o Piauí | FOTO: Divulgação/UFPI

Segundo Felipe Mendes, as criações da UFPI e da barragem marcaram uma nova fase por dois fatores. “Um da infraestrutura física, da energia; e outro da infraestrutura intelectual, cultural, do capital humano que ninguém quase se refere, que é gerado pela UFPI. São dois momentos importantes e simultâneos e considero que de 1970 para cá o Piauí está vivendo uma nova fase”, frisou.

Felipe Mendes disse que é difícil fazer uma previsão para os próximos 50 anos, mas que é preciso começar logo para chegar bem, seja amanhã, daqui 5 ou 50 anos. “Acho que temos, em primeiro lugar, o principal que são as pessoas, recursos humanos aqui dentro, professores, funcionários e alunos, esse conjunto vai permitir que a sociedade tenha melhores quadros, seja para trabalhar como profissionais autônomos, seja para trabalhar como empresários. Segundo, esse futuro depende muito do destino das pesquisas daqui, se a pesquisa for mais no sentido da realidade local, das necessidades da sociedade e do estado, teremos seguramente uma melhor universidade ao longo dos anos. E a extensão leva a Universidade para as pessoas lá fora que não podem estar aqui dentro”.

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